sábado, agosto 01, 2009

Notas de reflexão crítica XXI - a propósito da distinção central entre as cosmovisões OCIDENTAL e ORIENTAL

Alphonse van Worden - 1750 AD





- A distinção entre as visões de mundo OCIDENTAL e ORIENTAL consiste essencialmente da relação que ambas estabelecem a respeito do 'Problema do EU': o ethos ocidental caracteriza-se pela centralidade existencial do EU como sujeito agente e cognoscente, mesmo que, no plano das perspectivas transcendentes, à luz da inspiração e da inteligência divinas. Já nas metafísicas não-dualistas do Oriente, a própria existência material (o que obviamente inclui os indivíduos) é descrita como ilusão, e o objetivo precípuo da realização espiritual é o ‘esquecimento absoluto de si mesmo’ e a fusão no TODO.

- A tradicional distinção entre CONHECIMENTO e SABEDORIA já sublinha alguns aspectos dessa cisão oriente / ocidente, mas não esgota a questão. Vejamos: o mainstream, digamos assim, em termos de teoria do conhecimento na filosofia ocidental, contempla basicamente duas modalidades de cognição humana:


a) o conhecimento adquirido através da EXPERIÊNCIA, posteriormente sistematizado via generalização indutiva; é a forma de cognição que gera os enunciados sintéticos (ou apofânticos), ou seja, aqueles enunciados que afirmam ou negam alguma coisa sobre a realidade sensível, tal como as proposições científicas. Sua validade é determinada, pois, por intermédio de verificação empírica;

b) o conhecimento de conceitos abstratos via dedução racional. É essencialmente a modalidade de conhecimento que gera os enunciados analíticos, de índole tautológica (isto é, proposições verdadeiras por definição, cujo sentido permanece o mesmo sob diferentes arranjos de palavras ou símbolos). É, portanto, o conhecimento que corresponde ao universo lógico-matemático, cuja veracidade das proposições prescinde de verificação empírica.


- Outras 'formas' de conhecimento, claro está, foram abordadas por diversos autores através dos tempos: Aristóteles, por exemplo, afirma que a catarse trágica é uma experiência cognitiva; Spinoza sustenta que as paixões humanas também geram conhecimento; Bergson, por seu turno, que o ‘verdadeiro’ conhecimento surge a partir da ‘apreensão imediata do objeto’, vale dizer, do que irá denominar como ‘intuição do Absoluto’ de cada objeto, ou seja, do que ele possui de ‘único’, e que lhe é absolutamente intrínseco; e por aí vai, com 'n' outras perspectivas.

- Muito bem: no âmbito de uma cosmovisão transcendente, contudo, há algo que está além do conhecimento proporcionado pelo exercício da razão, bem como da cognição gerada por meio da experiência sensível; é, portanto, uma dimensão inalcançável tanto através da razão humana, quanto por intermédio de nossa experiência concreta. Trata-se exatamente da SABEDORIA, ou seja, daquilo que está além do intelecto e dos sentidos, é que só pode ser atingido sob os auspícios da inteligência divina; ou, em outras palavras, através da razão humana iluminada pela inspirada por Deus.

- Por outro lado, a leitura de QUALQUER texto-chave no âmbito das grandes tradições de índole não-dualista revela, de forma inequívoca e incontrastável, que o processo de 'realização espiritual' tem como meta derradeira a dissolução do EGO, que nada mais é que um feixe de ilusões, no UNO, que constitui a única e verdadeira REALIDADE.

- Considerem, por exemplo, o notável poema alegórico O Colóquio dos Pássaros (1177), de autoria do persa Farid al-Din Attar. Trata-se d'uma das obras clássicas da Irfan ('Sabedoria', 'Gnose') xiita, que é precisamente a tradição esotérica em que o ínclito Ayatullah Ruhollah Khomeini está inserido. O enredo é bem resumido pelo escritor Jorge Luis Borges:


O remoto rei dos pássaros, o Simurg, deixa cair no Centro da China uma esplêndida pluma; os pássaros resolvem buscá-lo, fartos de sua antiga anarquia. (...); sabem que seu castelo está em Kaf, a montanha circular que rodeia a Terra. Acometem a infinita aventura: transpõem sete vales, ou mares; o nome do penúltimo é 'Vertigem'; o último se chama 'Aniquilamento'. Muitos peregrinos desertam; outros perecem. Trinta, purificados pelos trabalhos, pisam a montanha do Simurg. Contemplam-no, finalmente; e percebem que eles são o Simurg, e que o Simurg é cada um deles e todos."


- Reparem: a transposição de cada Vale constitui uma etapa no processo de depuração / purificação do espírito; e o último Vale, o do 'Aniquilamento', é justamente o ápice de tal processo, quando ocorre o derradeiro e definitivo esquecimento de si mesmo ou, em outras palavras, a obliteração final de todas as ilusões do EGO. E enfim, quando já de todo despojados de sua consciência individual (que nada mais é, em última instância, que o somatório de seus enganos), os 30 pássaros que lograram 'realizar-se espiritualmente' enfim descobrem que o Simurg (ou seja, o TODO, o UNO) é "CADA um deles e TODOS" e, analogamente, que cada um deles verdadeiramente não EXISTE (no sentido mais recôndito do termo) como 'parte', mas sim como TOTALIDADE.

- Trata-se, enfim, recuperando aqui uma bonita metáfora de Attar, um "perder-se de si mesmo" completa e definitivamente. É a consciência absoluta da UNIDADE, algo que de certo modo podemos até 'representar' conceitualmente, mas não propriamente 'CONHECER', e sim 'SABER', como experiência visceral, incomunicável e intransferível.

- Eis, portanto, para o esoterismo xiita (bem como para as doutrinas metafísicas não-dualistas do Vedanta, por exemplo), o que seria a essência da SABEDORIA: "perder-se de si mesmo" em caráter absoluto e definitivo, para então se dissolver na UNIDADE SUPREMA, na TOTALIDADE UNIVERSAL.





Breve nota a propósito de sir Alfred Joseph Hitchcock





Que dizer a respeito d’um artista que já foi objeto de toda sorte de escrutínio, lucubração, exegese e especulação? Difícil acrescentar algo de interessante ou relevante; não obstante, tendo em vista que as empreitadas mais árduas soem ser as mais gratificantes, creio que é válida a tentativa. Enfim, vamos lá!

Muito bem: malgrado sejam afirmações de todo procedentes, asseverar que Alfred Hitchcock é um ‘mestre do suspense’, ou que possui uma habilidade ímpar em manipular com acuidade cirúrgica os mais recônditos desvãos da psique do espectador, seria simplesmente, como reza o velho adágio popular, “chover no molhado”; assim sendo, gostaria de ressaltar aqui outro aspecto, igualmente fundamental, na obra do cineasta inglês.

Quando ainda era crítico da Cahiers du Cinema, Jean-Luc Godard certa feita escreveu que Alfred Hitchcock era “o mais alemão dos cineastas ocidentais”. Trata-se, vale dizer, d’um juízo sobremaneira críptico, ao menos à partida: estaria o diretor franco-suíço ironicamente afirmando, por exemplo, que tão somente o cinema anglo-americano poderia ser tido como ‘ocidental’? Apenas conjecturo, todavia.


Não obstante, há na observação godardiana um dado deveras significativo, ainda que se calhar menos enfatizado quando se fala a propósito do venerável Hitch: caudatário das melhores tradições do cinema expressionista alemão, o opus hitchcockiano é uma verdadeira aula magna em termos de requinte formal e elegância estrutural. 

Considere-se por exemplo a obra-prima Strangers on a Train (1951):  seus planos são virtuosos, plenos de geométrica exatidão; os enquadramentos, muito embora dotados d’um rigor milimétrico, não raro assombram o público com angulações inusitadas e vertiginosas - como esquecer, por exemplo, a assombrosa sequência do assassinato no parque de diversões; a montagem, vero relógio atômico em termos de precisão, ajusta-se com inacreditável perfeição às exigências da narrativa; o espectral chiaroscuro da fotografia logra evocar a ominosa fantasmagoria dos melhores momentos de um Murnau; a câmara, por fim, como se fosse o finíssimo estilo de bambu nas mãos de um calígrafo nipônico, esparge na tela silhuetas, texturas e matizes de refinada fatura.

Celebremos, pois, a figura de Alfred Hitchcock, esse “pintor de pesadelos vivos” (como admiravelmente escreve o sociólogo franco-brasileiro Michael Löwy, a respeito de Kafka), criador genial tanto na arte de suscitar no público seus temores mais abissais, quanto no exercício do cinema como veículo de transcendência estética.

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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

quarta-feira, julho 01, 2009

Esquerda contemporânea: entre a FARSA e o AUTISMO

Alphonse van Worden - 1750 AD




Egrégios irmãos d'armas:

A grande tragédia, a verdadeira MALDIÇÃO que tomou conta de grande parte da esquerda contemporânea, pode ser definida da seguinte maneira: a demoníaca ideologia globalista, com toda a sua crença no governo mundial, nas intervenções 'humanitárias' (a piada do século, sem sombra de dúvida), na atuação das ONG's, enfim, em toda essa tralha escabrosa, contaminou, se calhar de modo indelével, os corações e mentes da 'esquerda' nos tempos que correm.

Ora, qualquer cidadão com um mínimo de lucidez (e mesmo os conservadores honestos sabem muito bem disso, que ninguém se equivoque a esse respeito...) percebe que a ideologia globalista não passa d'uma bem articulada cortina de fumaça criada para ocultar dois propósitos muito objetivos e insofismáveis:


a) garantir a liberdade de ação do grande capital financeiro, já que hoje há um entrelaçamento dinâmico e contínuo entre todos os mercados; assim sendo, nada como uma intervenção 'humanitária' para restaurar a 'boa vontade' de uma nação que, por acaso, teve a audácia de não conformar-se às maravilhas do livre mercado;

b) promover  a difusão maciça e sistemática de todos os valores dissolventes que caracterizam a nebulosa ideológica da modernidade, tais como multiculturalismo, relativismo, queer theory, feminismo, discriminação positiva, correção política, etc.


Ou seja: trata-se d'um projeto de índole profundamente imperialista e reaccionária; mas que, contudo, muito bem embalado pelo sedutor canto da sereia 'póóóóish-modéééérna', hipnotizou uma esquerda emasculada, desorientada, e que, há pelo menos três décadas, já abdicara por completo de sua grande tarefa histórica: a abolição do Capitalismo.

Destarte, o que agora temos é um contínuo showroom de sedativos ideológicos, todos eles alegremente ingeridos pela 'esquerda moderna': 'ações afirmativas'; 'ação da sociedade civil organizada'; 'intervenções humanitárias'; 'trabalho voluntário'; etc., etc., etc., todos eles criados e difundidos com um único e nefasto móvel: paulatinamente alienar os partidos e movimentos de esquerda de seu objetivo precípuo, vale dizer, tomar de assalto o aparelho do Estado para dar início à construção d'um novo modelo de organização social.

Então, o que está em pauta pelo menos desde a década de 90 do século XX é toda uma dinâmica, muitíssima bem urdida, planejada, articulada e propagada, para desmoralizar o papel do Estado como indutor por excelência de qualquer processo efetivo de transformação social. Assim sendo, eis os temas dessa pérfida cantilena: 'Quem precisa do Estado? 'Qual nada, a ação da sociedade civil organizada resolve tudo!'; 'Soberania nacional? 'Bah, uma velharia inaceitável, a ONU e as ONGs têm o sagrado dever de implementar ações humanitárias em nações governadas por regimes tirânicos e desumanos!' (ou seja, o velho "fardo do Homem Branco" de Kipling reembalado em cores vistosas para a 'esquerda' tutti-frutti); 'despertar nas massas o ímpeto revolucionário? 'Não, imagina, tudo pode ser resolvido com as ações solidárias do trabalho voluntário!'; e por aí vai, tudo com o intuito de entorpecer / enfraquecer / desestimular / desmoralizar qualquer esforço em prol de projetos de transformação social genuinamente revolucionários e efetivos.

Podemos asseverar, enfim, sem qualquer hesitação, que o processo de deterioração intelectual, moral e política das esquerdas nas últimas décadas assumiu uma intensidade assombrosa, mormente a partir do colapso da URSS em 1991.

E um aspecto particularmente emblemático do supracitado fenômeno é, sem sombra dúvida, este heteróclito e estrambótico circo de cavalinhos chamado Fórum Social Mundial.

Prezados confrades, o que seria o Fórum Social Mundial? Uma ridícula pantomima onde todos em uníssono proclamam que "um outro mundo é possível", mas nada de realmente CONCRETO levam a efeito para colocar tal ideal em prática? Um colossal desfile de miríades de movimentos sociais, cada qual trombeteando aos quatro ventos sua pauta específica, numa caótica Babel de slogans não raro antagônicos? Uma espécie de anestésico, lenitivo moral, para apaziguar a consciência culpada de burgueses angustiados (grande parte da esquerda universitária inclusa), conferindo-lhes a doce ilusão de estarem contribuindo para um 'mundo melhor'? Um bom palco para políticos matreiros venderem seu peixe? Ou tudo isso e mais alguma coisa, enfim, um frenesi de idéias e sentimentos pré-fabricados, que partem de coisa alguma para chegar a lugar nenhum?

Muito bem: é justamente essa risível 'esquerda bubblegum fórum social mundial', ou seja, essa farândola de farsantes, que ainda tem o desplante de verberar contra os movimentos Terza Posizione / 4tp, ou seja, a única corrente política contemporânea engajada num amplo processo de refundar a ação política em bases verdadeiramente novas e revolucionárias!

Abordando a outra faceta desse fenômeno, consideremos agora as organizações de esquerda que ainda mantêm certa fidelidade ao ideário revolucionário d’outrora. Enquanto o oportunismo a todo pano é a marca registrada da esquerda circense, a característica mais lôbrega nos bastiões da esquerda tradicional é a flagrante incapacidade de romper com o rigor mortis dos esquematismos ideológicos, com a fixidez estéril dos dogmatismos monocromáticos. É sobremaneira trágico, vale sublinhar, que tais setores não entendam o seguinte: admirar / advogar uma determinada característica / elemento de uma corrente ou regime político, NÃO significa que sejamos obrigados a inexorável e necessariamente comprar o pacote completo da perspectiva ideológica adjacente, tal como se fosse um vestido prêt-à-porter.

Assim sendo, é possível apreciar, por exemplo, e não temos o menor pejo em negá-lo, certos aspectos do fascismo italiano, mormente no que se refere à sua incorporação da distinção soreliana entre as noções de 'mito' (numa acepção político-ideológica do termo) e 'utopia' (ideal). O 'mito revolucionário' funcionaria como profecia autorrealizável, no sentido de não depender de fatores transcendentes para ser levado a efeito; a meu ver, Mussolini percebeu essa questão com impressionante perspicácia; podemos também admirar, na mesma clave do espectro ideológico, o ‘Código de Honra’ da Legiunea Arhanghelul Mihail de Corneliu Codreanu, bem como seu programa de reforma agrária, inspirado na noção da gemeinschaft rural unitária e orgânica; e, outrossim, igualmente advogar, já noutra clave, as idéias do marxista peruano José Carlos Mariátegui a respeito da Revolução Social, que para ele não é fenômeno que se possa interpretar mediante uma análise científica, uma vez que não pode ser compreendido à luz dos pressupostos epistemológicos e metodológicos da razão lógico-demonstrativa; ao contrário, afigura-se muito mais como fenômeno de cunho mítico-religioso, impermeável a abordagens racionalistas.

E assim devemos seguir em frente, de mente, olhos e ouvidos abertos para o que houver de profícuo em cada corrente do pensamento político, à esquerda e à direita, na luta contra o capitalismo, o liberalismo e toda a nebulosa ideológica por trás da ‘Sociedade Aberta’.

É mister compreender, d’uma vez por todas, que os sistemas ideológicos fechados (comunismo, socialismo, anarquismo, fascismo, liberalismo, etc.) fracassaram redondamente, e já não correspondem às demandas e tarefas do presente. Há, portanto, que refundar todo o agir político em novas bases, incorporando o que há de aproveitável em cada perspectiva e descartando o restante. Ou será que a esquerda ainda dotada d’algum lastro ideológico minimamente consistente prefere proceder como uma horda de autistas, aprisionados no labirinto do automatismo psíquico, classificando a priori, sem o devido exercício da análise crítica, ‘y é bom / x é ruim / z é bom / a é ruim’. E isso o que efetivamente desejam, isto é, permanecer ad aeternum como zumbis, a vagar sem rumo por uma planície estéril, pejada de ruínas ideológicas do passado? Cito aqui uma instância de tal paralisia mental: bovinamente atrelados a uma agenda iluminista e libertária, já de todo prostituída pelas engrenagens de pasteurização ideológica do capitalismo contemporâneo, recusam-se a admitir o importantíssimo papel revolucionário desempenho pelo antiimperialismo da República Islâmica do Irã no contexto geopolítico hodierno. Como, pois, é possível admitir que qualquer indivíduo soi disant de esquerda,e que se pretenda minimamente bem-informado, desconheça o patente protagonismo de figuras como Mahmoud Ahmadinejad, Ali Khamenei, Hassan Nasrallah, Muqtadā al-Ṣadr, Khaled Meshaal, etc. no seio da luta antiimperialista em escala global?

Por fim, à guisa de conclusão, proponho aos confrades um breve exercício especulativo: se há já muitos lustros não temem a pantomima revolucionária da esquerda tradicional, os senhores acreditam, por exemplo, que um Barack Obama; uma Hillary Clinton; o diretor da CIA; os comandantes do Pentágono e da OTAN; um Benjamin Netanyahu; um Nicholas Sarkozy; uma Angela Merkel; os grandes empresários ou investidores internacionais; enfim, que qualquer liderança política, militar ou econômica do sistema de poder internacional, perca sequer MEIO SEGUNDO de sono preocupado com as ações dessa esquerda emasculada; siderada pelas ficções retóricas do humanismo iluminista; mais entretida em sair rebolando por aí em paradas gay, a fim de celebrar o sacrossanto direito dos homossexuais em dar o rabo, do que em formular novas táticas de ação revolucionária; de todo submissa, enfim, aos desígnios estratégicos do Capital, cujo principal talante hoje é enfraquecer a capacidade de atuação do Estado em nome do conveniente e inofensivo teatrinho de reivindicações da 'sociedade civil organizada'?



segunda-feira, junho 29, 2009

Acabou-se, enfim, D'UMA VEZ POR TODAS, a palhaçada golpista!!!

Alphonse van Worden - 1750 AD





Recontagem parcial de votos confirma eleição de Ahmadinejad 

TEERÃ, 29 Jun 2009 (AFP) - O Conselho de Guardiães da Constituição confirmou nesta segunda-feira os resultados das eleições presidenciais de 12 de junho no Irã e a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, depois da recontagem parcial dos votos, informou a televisão pública iraniana.


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Iran's Guardian Council confirms vote results

After the conclusion of the partial vote recount, Iran's electoral watchdog, the Guardian Council has confirmed the result of the June 12 poll.

After the announcement of the result of Iran's presidential election, which saw President Mahmoud Ahmadinejad re-elected to a second four-year term, provoked major protests in the country, the Guardian Council set up a special committee to do a partial vote recount.

Iran's top legislative body confirmed that the recount of 10 percent of the ballot boxes carried out on Monday had shown no irregularities in the vote.

In a letter to Interior Minister Sadeq Mahsouli on Monday, head of the Guardian Council Ayatollah Ahmad Jannati, confirmed the result of the polls, state television reported.



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E 'fim de papo', famígeros irmãos d'armas: Mahmoud Ahmadinejad é o LEGÍTIMO presidente reeleito da República Islâmica do Irã, e agora cabe aos envenenadores da consciência pública (leia-se a soi disant 'oposição') conformar-se, ou então enfrentar todo o rigor da Lei!


VIVA A REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ!!!

VIVA O NOVO TRIUNFO DA REVOLUÇÃO!!!

VIVA MAHMOUD AHMADINEJAD!!!




sexta-feira, junho 19, 2009

Bravo, Ayatullah Khamenei!!!




Líder supremo do Irã descarta fraude e diz que eleição reflete vontade do povo

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O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, descartou que houve fraude nas eleições que recolocaram o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad na Presidência e afirmou que o resultado da votação reflete a vontade do povo. A oposição acusa o atual presidente de fraudar a disputa para ser reeleito.

Falando a milhares de pessoas na Universidade de Teerã, o líder supremo iraniano apoiou Ahmadinejad afirmando que o político obteve uma "vitória definitiva" nas urnas.

Khamenei destacou que Ahmadinejad foi eleito com 24 milhões de votos e que as opiniões do presidente são mais próximas das idéias dele.

Para o aiatolá, o "terremoto político" nas eleições de 12 de junho foi causada pela interferência dos "inimigos do Islã".

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Bravo, Khamenei, bravo!!! O ínclito Ayatullah discursou com a autoridade, firmeza e consciência que se esperam de um Líder Supremo, não só confirmando a insofismável vitória eleitoral de Mahmoud Ahmadinejad, mas também afirmando tacitamente que tamanho triunfo expressão profunda e autêntica da vontade soberana da nação iraniana.

O excelso Maghame Rahbari também reafirmou suas afinidades ideológicas com o presidente eleito, demonstrando que as principais lideranças políticas do país atuam em harmonia, ao contrário das patranhas difundidas pelos envenenadores da consciência pública, locais e internacionais.

Por fim, em declaração a meu juízo de grande importância e acerto, atribuiu à “interferência dos “inimigos do Islã” os criminosos atos contra a ordem pública perpetrados por hordas de marginais nos últimos dias. Além do traidor da pátria Moussavi e seus sequazes, creio que a severa advertência teve também um destinatário certo: o corrupto e traiçoeiro Ayatollah Hashemi Rafsanjani, verdadeiro ‘sumo sacerdote’ das elites iranianas, bem como um dos mais pérfidos agentes deste processo golpista, encetado pela ‘oposição’, de desestabilização do regime, processo esse que, se Deus quiser, logo será definitivamente esmagado.

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Em tempo: Gostaria também de ressaltar aqui o belíssimo, comovente desfecho deste histórico pronunciamento emitido hoje pelo Líder Supremo da República Islâmica do Irã:

We will do what we will have to do. I have an unworthy life, a defective body and little honor, which was given to me by you. I will put all of these on the palm of my hand and spend them on the path of the revolution and Islam.

Eis, meus caros confrades, o estofo de um verdadeiro LÍDER: 1) a capacidade de perceber que os princípios e ideais que orientam uma nação são muito mais importantes que qualquer de seus governantes; 2) a férrea disposição de lutar até o fim, com todos os meios à sua disposição, em defesa da virtude, da justiça, da verdade e do bem do povo.

Parabéns, Ayatullah Sayyid Ali Hoseyni Khāmenei, pois hoje definitivamente demonstraste ser um vero GIGANTE em meio ao enxame de insetos rastejantes que tragicamente governam grande parte das nações em nosso desafortunado planeta.


VIVA A REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ!!!



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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

quarta-feira, junho 17, 2009

Bravo, Mahmoud Ahmadinejad!!! - II

Alphonse van Worden - 1750 AD




Confrades:

Enquanto uma odiosa minoria de marginais teleguiados por interesses exógenos tenta perturbar a ordem pública na República Islâmica do Irã, o LEGÍTIMO presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, reeleito através de CONSAGRADORA vitória no último dia 12, compareceu normalmente à reunião de cúpola da OCS (Organização de Cooperação de Shangai, onde fez uma análise das mais pertinentes a propósito da atual conjuntura internacional.

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Na Rússia, Ahmadinejad diz que "era dos impérios acabou"

EKATERINBURGO - "A Era dos Impérios acabou", afirmou o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad na reunião de cúpula da Organização da Cooperação de Xangai, que acontece na cidade russa de Ekaterinburgo.

"A ordem capitalista internacional está se dobrando", afirmou Ahmadinejad na abertura da reunião do grupo integrado pela Rússia, China e países da Ásia central. "É evidente que a era dos impérios acabou e não voltará a renascer", acrescentou.

Ahmadinejad assiste à cúpula realizada na cidade russa de Yekaterimburgo, nos Urais, como observador, junto com os presidentes do Afeganistão e do Paquistão, o primeiro-ministro da Índia e um enviado mongol.

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Bravo, Ahmadinejad! 'Bravo!' uma vez mais, por proclamar a verdade de forma límpida e corajosa: a 'era dos impérios' realmente terminou, e nada do que essas entidades satânicas possam fazer, inclusive açulando contra o regime hordas de traidores da pátria, poderá desestabilizar a gloriosa República Islâmica do Irã!

domingo, junho 14, 2009

Celebremos, irmãos d'armas!!!







Assomam-me aos olhos veras lágrimas de intenso júbilo, diletos confrades, ao testemunhar este mirífico acontecimento histórico que foi a AVASSALADORA, verdadeiramente CONSAGRADORA vitória obtida ontem por Mahmoud Ahmadinejad nas eleições presidenciais iranianas. Sufragado por 62,63% dos votos válidos, o presidente reeleito logrou um triunfo que não pertence apenas a ele, mas sim à toda a Ummah iraniana, amplamente favorável aos gloriosos e justos ideais que pautaram a Revolução Islâmica liderada pelo ínclito Ayatulllah Ruhollah Khomeini. Consoante esplendidamente sintetizou o Líder Supremo, Ayatullah Ali Khamenei: "sejamos gratos por essa bênção divina."

Verificamos, pois, com inenarrável gáudio, que hoje, 30 anos após a consolidação do processo revolucionário islâmica, o rutilante legado de Khomeini permanece incólume: o sábio Ayatollah Khamenei, os demais clérigos e juristas do Conselho dos Guardiães e da Assembléia dos Estudiosos, bem como o presidente Ahmadinejad, governam o país fervorosamente imbuídos do mesmos princípios acalentados pelo saudoso líder falecido em 1989.

Destarte, a República Islâmica do Irã há 3 décadas representa, e continuará a representar, um refulgente farol para todas as noções oprimidas pelas iniqüidades políticas econômicas do sistema imperialista internacional, enfim, um magnífico exemplo, um notável modelo alternativo de indômita altivez, impertérrita soberania e desenvolvimento nacional.

Por fim, às corruptas ratazanas 'reformistas', aos envenenadores da consciência pública, aos capitulacionistas e traidores da pátria, aos ingênuos e insensatos moutons de Panurge teleguiados pela mídia ocidental, resta agora, em respeito às palavras do Líder Supremo, submeter-se, por bem ou por mal, à decisão tomada pela esmagadora maioria do povo iraniano em prol das notáveis conquistas da Revolução Islâmica.

GLÓRIA ETERNA À REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ!!!

VIVA O ABENÇOADO AYTULLAH ALI KHAMENEI!!!

VIVA O GRANDE PRESIDENTE MAHMOUD AHMADINEJAD!!!







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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

domingo, junho 07, 2009

Breve nota a propósito das próximas eleições presidenciais na República Islâmica do Irã

Alphonse van Worden - 1750 AD




Estimados irmãos d'armas:

Na próxima sexta-feira, dia 12 de junho, realizar-se-á o primeiro turno das eleições presidenciais na República Islâmica do Irã.

O pleito será, se calhar, um tanto quanto acirrado: além da dupla de candidatos 'reformistas' (leia-se: 'capitulacionistas' pró-Ocidente), o presidente Ahmadinejad terá como concorrente no campo 'conservador' (denominação empregue pelo habitual newspeak dos psitacídeos da mídia, é claro, pois na verdade trata-se do campo REVOLUCIONÁRIO) um ex-comandante das Pasdaran, Mohsen Rezael; trata-se, portanto, d'um nome provavelmente forte junto às forças armadas.

De acordo com as últimas pesquisas eleitorais, Ahmadinejad é apontado como favorito à reeleição; não é fácil, todavia, especular sobre a correlação de forças hoje predominante tanto na Assembléia dos Estudiosos quanto no Conselho dos Guardiões da Revolução. Certamente prevalecem os setores favoráveis ao processo revolucionário inaugurado em 1979, mas é possível que alguns clérigos sintam-se inclinados a apoiar Moussavi. Com efeito, tanto a Assembléia dos Estudiosos (ou 'Especialistas') quanto o Conselho dos Guardiões parecem estar ainda um pouco indecisos sobre o rumo a seguir, e é muito difícil 'tomar-lhes o pulso'. Destarte, dada a ascendência moral e espiritual, em suma, o grande respeito e consideração que esses veneráveis clérigos inspiram junto à maioria da população, as opiniões que emitem, ou pelo menos os 'sinais' que deixam transparecer, são de capital importância para o desfecho do pleito. O objetivo, caso s uma tendência 'renovadora' tome corpo, seria tão somente modificar, claro, a 'face pública' do regime, já que o poder de facto e de direito* FELIZMENTE está seguro em boas mãos, com a sabedoria, coragem que caracterizam a liderança do Ayatullah Khamenei.

Acredito, com fervorosa convicção, que prevalecerá o campo dos que se pautam pela defesa incondicional dos gloriosos ideais de Khomeini, mas Ahmadinejad não pode subestimar os movimentos de seus traiçoeiros adversários.

Por fim, particularmente torço pela reeleição de Mahmoud Ahmadinejad; não obstante, na remota hipótese de Rezael ser o vencedor, também ficarei satisfeito, ínclitos confrades.



* O ítem 10 do artigo 110 da Constituição da República Islâmica do Irã, que trata das funções e poderes atribuídos ao LÍDER SUPREMO, d'entre os quais inclui-se o poder de exonerar o Presidente da República:

10. Exoneração do Presidente da República, em nome dos interesses da nação, após a Suprema Corte tê-lo julgado culpado de violação de seus deveres constitucionais, ou então após votação da Assembléia Consultiva Islâmica, atestando sua incompetência para o exercício do cargo com base nos termos do artigo 89.

terça-feira, junho 02, 2009

Sobre o papel da URSS na II Guerra Mundial

Alphonse van Worden - 1750 AD





















Não é de hoje, egrégios confrades, que a pérfida máquina de propaganda do atlantismo talassocrático há décadas procura, de todas as formas, sob todos os pretextos e por meio de todos os expedientes, menoscabar o papel exponencial desempenhado pelas forças armadas soviéticas durante a II Guerra Mundial. Trata-se simplesmente d'um processo de falsificação histórica dos mais absurdos e indignos, tendo em vista o caráter de todo decisivo do esforço militar soviético na derrota do hitlerismo.

No que tange, pois, ao papel da URSS na II Guerra Mundial, basta fazer uma singela constatação empírica: verificar quem foi o maior responsável pelas perdas da máquina de guerra germânica, tanto em termos humanos quanto materiais, e aí se constata inapelavelmente que o Exército Vermelho foi o grande vencedor do conflito. Estima-se que 4/5 das baixas alemãs no conflito ocorreram em combates contra o Exército Vermelho. Só quem desconhece a história da II Guerra negaria que praticamente TODA a elite das forças armadas alemãs, suas melhores divisões e o que havia de mais moderno em termos de equipamento, foram empregues na guerra contra a URSS. E o facto de que as baixas soviéticas tenham sido maiores pouco importa, pois o que realmente conta é, numericamente falando, o EV enfrentou e destruiu o grosso dos efetivos alemães, dado que é incontestável. Numa guerra importa a vitória final, ponto.

Vale também SEMPRE lembrar que a guerra, para Hitler, foi a guerra no Leste, a 'guerra santa' para eliminar o Untermensch da face da Terra; todo o resto foi mera necessidade circunstancial.

Citemos alguns dados. Consoante o clássico History of the Second World War (Putnum, New York, 1971), de autoria do consagrado historiador militar inglês Sir Basil Henry Liddell Hart, de todo insuspeito de quaisquer veleidades filo-soviéticas:

- 80% do esforço de guerra alemão dirigiu-se à Frente Oriental.

- De 22 de junho de 1941 a 9 de maio de 1945, o Exército Vermelho destruiu ou colocou fora de combate 607 divisões da
Wehrmacht, cerca de 3,6 mais divisões que as enfrentadas pelos aliados anglo-americanos em conjunto no Norte da África, na Itália e no restante da Frente Ocidental.

Alguns outros números, só para dar uma pálida idéia da desproporção de forças concentradas pelos alemães nas frente Leste e Oeste:

Por exemplo, a distribuição das divisões alemãs em 1944:

Frente Oriental - 179
França e Países Baixos - 53
Países Balcânicos - 26
Itália - 22
Escandinávia - 16
Finlândia - 8

(D-Day (1981) - Brigadier Peter Young, Bison Books Limited)

Ou seja: enquanto a Frente Oriental concentrava 179 divisões alemães, TODAS as demais frentes de combate na Europa concentravam 125... naturalmente, isto tornou possível o desembarque anglo-americano na Normandia.

Falemos um pouco também sobre a Batalha de Kursk, a maior batalha de blindados em toda a História humana, que transcorreu durante julho de 1943 e que, em conjunto com a Batalha de Stalingrad, praticamente selou a sorte da Alemanha nazista no conflito.Vejam o que diz o historiador militar britânico Geoffrey Jukes (os grifos são meus):

"(...) no verão de 1943, Kursk ganhou o direito de atribuir-se o título de 'lugar mais importante do mundo', pois naqueles meses esteve no centro de um enorme bolsão, ou arco, na Frente Oriental, onde Alemanha fez seu último esforço no sentido de retomar a iniciativa estratégica das mãos do Eexercito Vermelho. O fracasso dessa tentativa como que selou o resultado da Segunda Guerra Mundial. As derrotas sofridas em Moscou e Satalingrad não foram tão aniquilantes, porque, depois delas, os alemães ainda encontraram meios de reunir-se e inflingir grandes reveses aos seus adversários soviéticos, numa demonstração de que haviam absorvido bem os golpes recebidos. Porém, depois de Kursk, os exércitos de Hitler viram-se forçados a uma retirada quase contínua, que terminaria dois anos depois entre as ruínas de Berlim."
(Kursk, the Clash of Armour (1968) - Geoffrey Jukes, Ballantine Books, NY)

É mister anda relembrar que Kursk reuniu a maior concentração de forças da história da Wehrmacht numa só batalha: cerca de 50 divisões, 16 delas panzer ou motorizadas, compreendendo cerca de 1 milhão de homens, 10.000 morteiros e canhões, 3.000 tanques e 2.000 aviões, "pilotados pelo grupo de elite da Luftwaffe, como a 'Esquadrilha de caças Mölders' e a 'Legião Condor'" (op. cit.)

Os preparativos foram tão acurados e cuidadosos que os alemães chegaram a adiar por duas vezes o início da 'Operação Cidadela' para que pudessem concentrar o maior número possível de tanques TIGRE e PANTERA - os mais poderosos produzidos pela Alemanha durante a Guerra. Por fim, é mister não esquecer que em Kursk as 9 divisões mais célebres do exército alemão enfim encontraram sua nêmesis:


Terceira divisão
panzer

Décima-primeira divisão
panzer

SS Gross Deutschland


SS Leibstandarte


SS Das Reich


SS Totenkopf


Sexta divisão
panzer

Décima-nona divisão
panzer

Sétima divisão
panzer


Por fim, sobre o tão propalado em prosa e verso auxílio norte-americano... sabe-se hoje que os números desta ajuda foram estratosfericamente exagerados para efeitos de propaganda ideológica durante a Guerra Fria.... a percentagem do programa de lend-lease no quadro geral do esforço de guerra soviético fica entre 5% a 8% do total, segundo qualquer estudo contemporâneo sério.

É mister sublinhar ainda que o Marechal Georgy Konstantinovitch Zukhov foi um dos maiores comandantes militares da História, um homem cuja folha de serviços e o número de vitórias decisivas quiçá só pode ser igualado, pelo menos no que se refere aos últimos 300 anos, por seu compatriota Alexander Suvurov e Napoleão. E há, vale dizer, uma notável distinção entre ele e o célebre imperador francês, de todo favorável ao mavorte russo: Zhukov emergiu VITORIOSO da grande conflagração em que tomou parte...

De resto, ínclitos irmãos d'armas, ocorre aquilo que de sobejo já se sabe: há muita gente que julga 'aprender' alguma coisa sobre a II Guerra Mundial através do cinema hollywoodiano... que se há de fazer...?



Praxis: KAOS in overview
























Não é fácil (para não dizer impossível) escalonar em termos qualitativos os inúmeros projetos capitaneados por Bill Laswell (e isto sem mencionar as bandas em que ele 'apenas' co-participa, como Painkiller, Naked City, Arcana, Massacre, New York Gong, etc., etc., etc...), mas sem dúvida podemos dizer que o Praxis está entre os melhores.

Formado em NY no início dos anos 90, o supergrupo congrega nada mais nada menos que Laswell, Bernie Worrel, Buckethead e Brain como seus integrantes, além de contar com a participação eventual de figuras do porte de John Zorn, Les Claypool, Yamatsuka Eye, Bootsy Collins, Mick Harris, Mike Patton, etc.; ou seja, trata-se d'um verdadeiro who is who do que há de melhor no avant rock internacional, e isto sem dúvida se reflete em termos qualitativos no trabalho da banda, sempre na linha de frente da música contemporânea ao fundir com impressionante criatividade death metal, Hip Hop, dub, funk, jazz e ambient music.

Praxis lançou até hoje 5 discos de estúdio (o último - bastante irregular, infelizmente - foi lançado em janeiro deste ano, tão somente em edição japonesa, até onde sei). Merece especial destaque a trilogia inicial:


Transmutation (Mutatis Mutandis) (1992)


















Álbum de estréia, e a meu juízo o segundo melhor da banda, funciona como uma colisão contínua entre a hipnose dub do baixo de Laswell; as pirotecnias metálicas de Buckethead; a fluidez rítmica do funk nas mãos de mestres como Bootsy e Worrel; e a hipercinesia percussiva de Brain. O desempenho dos músicos é brilhante, e cada faixa é um primor de imprevisibilidade e invenção.

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Sacrifist (1994)



















Contando com a participação de John Zorn, Yamatsuka Eye e Mick Harris, Sacrifist soa como uma versão um pouco menos insana e descontrolada do Painkiller fase Guts of a Virgin / Buried Secrets; ou seja, exercícios de desconstrução do grindcore via free jazz para os que acham que o Painkiller exagera na dose de fúria sonora (o que não é o meu caso). Em todo caso, um ótimo álbum.

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Metatron (1994)



















Terceira e melhor encarnação da banda, aqui reduzida a um trio formado por Laswell, Buckthead e Brain. Metatron de certa forma retorna, com mais vigor e foco, à estrutura caleidoscópica da estréia, conservando alguns dos elementos mais caóticos empregues em Sacrifist. A produção, simplesmente excepcional, tem a mesma densidade 'oceânica' do Painkiller fase Execution Ground, conferindo assim maior impacto as intrincadas geometrias 'schizo ambient dub electronic metal from cyberhelll' urdidas pela fabulosa trinca. Enfim, um DISCAÇO, que sem dúvida merece ser incluído num top 10 90's.



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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

sexta-feira, maio 01, 2009

Aleksandr Dugin: 'Geografia Sagrada' e Grande Síntese




A partir das primeiras décadas do século XX, numerosos autores e líderes políticos, provenientes de diversos países e contextos culturais (Corneliu Codreanu, Ernst Jünger, Julius Evola, Otto Strasser, Nikolai Ustrialov, Ernst Niekisch, Carl Schmitt, Giovanni Gentile, etc.) começaram a lançar os alicerces filosóficos, espirituais e políticos do que aqui denominaremos de GRANDE SÍNTESE, vale dizer, a ampla convergência entre as principais correntes de pensamento anticapitalistas, antiliberais e anti-burguesas, por um lado; e por outro, as principais tradições esotéricas (mormente as de cunho não-dualista) da revolta gnóstica contra o 'racionalismo político' (iluminismo, liberalismo, 'Sociedade Aberta', marxismo ortodoxo, etc.) ao longo da História.

Tal panorama ideológico não constitui, claro está, um quadro estático, nem tampouco é possível estabelecer uma tipologia estanque para ele; amiúde há, com efeito, um constante intercâmbio entre diferentes matrizes filosóficas no seio de um mesmo autor, por exemplo, e até mesmo, em alguns casos, um caótico amálgama de vetores contraditórios. Entre os exemplos pioneiros e emblemáticos deste fenômeno, podemos citar figuras como o escritor alemão Ernst Jünger, a um só tempo predicando, por um lado, a nostalgia da gemeinschaft orgânica, do medievo germânico e, por outro, a ‘mobilização total’ (Totale Mobilmachung) da sociedade industrial em prol de um estado de guerra permanente, bem como o primado de uma casta aristocrática formada por guerreiros, pensadores e poetas; o também alemão Carl Schmitt, insigne jurista e filósofo político, que defende a tese de que todas as categorias da política têm um fundamento teológico, bem como a noção de que a ‘fenômeno político’ se configura como o terreno privilegiado da contraposição, da disjuntiva 'amigo/inimigo', sem apelo a quaisquer injunções de cunho ético ou racional; o peruano José Carlos Mariátegui, que mesmo sendo marxista, advoga, sob a influência de Sorel e Péguy, que "a força dos revolucionários não está na sua ciência; está na sua fé, na sua paixão, na sua vontade. E uma força religiosa, mística, espiritual. É a força do Mito."; o italiano Julius Evola, senhor d’um estilo inigualável em sua força majestosa e estratosférico arrebatamento, com sua defesa do retorno aos arcanos da Tradição como combustível espiritual para a revolta contra o mundo moderno; a francesa Savitri Devi Mukherji (nascida Maximiani Portaz), cuja obra é um ousado e fascinante exercício de incorporação da mística nacional-socialista aos princípios do Vedanta; d'entre outros autores.

Outrossim, há também um conjunto de pensadores e líderes políticos que, conquanto ideológica ou historicamente não possam ser associados à Grande Síntese, decerto apresentam contributos de inestimável valor para o projeto em pauta, dentre os quais poderíamos mencionar, por exemplo, os seguintes: Ernesto ‘Che’ Guevara e sua índole inequivocamente kshatriya, isto é, o arquétipo védico do GUERREIRO, do homem para quem o combate é, em si mesmo, um veículo de realização espiritual; o fervor militante, o ímpeto marcial, a 'ira santa' de Santo Inácio de Loyola e sua excelsa ordem, a Societas Iesu, os gloriosos 'soldados da Igreja'; Vladimir Lenin, no que tange à sagacidade tática com que concebeu e organizou o regimento interno do Partido Bolchevique, especialmente em seu aspecto de máquina partidária monolítica e disciplinada integrada por revolucionários 'profissionais; o Ayatollah Khomeini, que não canalizou politicamente o Islã para fazer a revolução iraniana, ou seja, não fez uso da religião para agir politicamente, mas sim lançou mão da política para atuar religiosamente em prol da regeneração espiritual e moral de seu país; etc.

Aliás, é mister salientar que, na esfera mais propriamente ‘política’ do projeto da Grande Síntese, a superação da falsa dicotomia entre 'esquerda' e 'direita', que gerou as grandes tragédias políticas e militares da modernidade, é sem dúvida a grande tarefa a que se propõe a chamada Terza Posizione, termo cunhado em 1978 com a criação do movimento político homônimo em Itália, sob a liderança de Peppe Di Mitri, e tendo como principais ideólogos Roberto Fiore e Gabriele Adinolfi.

Com efeito, torna-se cada vez mais evidente a existência d'uma oposição irreal, ditada por meras circunstâncias transitórias de índole 'política', 'econômica' e 'cultural', entre dois campos semânticos e simbólicos unidos por um profundo elo metafísico: a revolta sagrada do Espírito contra a ditadura ‘funcionalista’ da Razão 'instrumental'; do impulso romântico-messiânico contra os falsos ídolos do pragmatismo burguês; da esfera necessária, permanente, imutável e infinita da ETERNIDADE contra a dimensão contingente, transitória, cambiável e finita do TEMPO (ou então, nos termos d'uma mirífica declaração do líder taliban mullah Omar: "não tememos a morte, pois já estamos mortos; assim sendo, combatemos no Tempo, mas vivemos na Eternidade"); enfim, do rutilante fulgor da TRADIÇÃO contra a pseudoconsciência errática e fragmentária da MODERNIDADE.

E malgrado Di Mitri, Fiore e Adinolfi tenham cunhado o termo e, de certa forma, delineado os aspectos gerais do pensamento Terza Posizione, penso que o filósofo russo Aleksandr Dugin (tido, aliás, como um dos principais conselheiros políticos de Vladimir Putin, ex-presidente e atual primeiro-ministro da Rússia) é hoje, mormente em relação a questões de geopolítica, o pensador mais ousado no âmbito de tal perspectiva ideológica.

A grande 'estratégia' duginiana , por assim dizer, é justamente trabalhar, no âmbito da noção de 'geografia sagrada', categorias de análise tradicionalmente empregues na reflexão geopolítica.

E em que consiste tal noção? Enquanto a geopolítica opera na esfera do cálculo econômico, das relações comerciais, do paralelogramo das forças políticas em ação, a 'geografia sagrada' mergulha no universo dos Arquétipos Tradicionais e Mitos Fundadores, isto é, no escopo do substrato simbólico presente na origem de cada complexo civilizacional. E tal processo envolve, na esfera mais especificamente político-ideológica, a busca pela seiva vital das tradições culturais e civilizações de índole telurocrática e / ou eurasiana, isto é, dos complexos civilizacionais cujos alicerces mais profundos vão de encontro ao 'atlantismo talassocrático’, à 'Sociedade Aberta', ao iluminismo e ao liberalismo.

TELUROCRACIA, termo cunhado pelo geógrafo britânico Halford Mackinder (mas que Dugin emprega numa acepção de certa forma distinta da acepção original), significa literalmente 'Poder / Governo / Império Terrestre', em oposição à TALASSOCRACIA, isto é, 'Poder / Governo / Império Marítimo'.

As seguintes passagens de From Sacred Geography to Geopolitics (1996) esclarecem bem o contexto em que Dugin emprega tais conceitos (os grifos são meus):



The two primary concepts of geopolitics are land and sea. Just these two elements —Earth and Water — lie at the roots of human qualitative representation of earthly space. Through the experience of land and sea, earth and water, man enters into contact with the fundamental aspects of his existence. Land is stability, gravity, fixity, space as such. Water is mobility, softness, dynamics, time.



Ou seja, o autor russo descreve o antagonismo essencial entre o ethos 'telurocrático', lastreado no arquétipo da PERMANÊNCIA; e o ethos 'talassocrático', que reverbera o arquétipo da MUDANÇA; tal contraposição corresponde, em termos de simbolismo mítico, respectivamente à oposição entre ETERNIDADE e TEMPO, mormente no âmbito da metafísica platônico/agostiniana (alicerce central da metafísica ocidental) e das doutrinas védicas (pilar central da metafísica hinduísta).



(...) Earth, Sea, Ocean are in essence the major categories of earthly existence, and for mankind it is impossibile not to see in them some basic attributes of the universe. As the two basic terms of geopolitics, they preserve their significance both for civilizations of a traditional kind and for exclusively modern states, peoples and ideological blocks. At the level of global geopolitical phenomena, Land and Sea generated the terms: thalassocratia and tellurocratia, i.e. “ power by means of the sea ” and “ power by means of the land ”. The force of any state and any empire is based upon the preferential development of one of these categories. Empires are either “thalassocratic”, or “tellurocratics”. The former imply the existence of a mother country and colonies, the latter of a capital and provinces on “common land”. In the case of “thalassocracy” its territory is not unified into one land space - which creates an element of discontinuity. The sea — here lies both strength and weakness of “thalassocratic power”. “Tellurocracy”, vice-versa, has the quality of territorial continuity.



Com efeito, a Humanidade organiza-se socialmente, tanto em termos políticos e econômicos quanto culturais e espirituais, a partir de estruturas telurocráticas ou talassocráticas. E tal conjunto de características, convém sublinhar, nem sempre depende puramente da ‘geografia física’ d’uma civilização: Dugin argumenta, por exemplo, que o arquipélago japonês estrutura-se, política, cultural e espiritualmente, isto é, em termos de ‘geografia sagrada’, a partir d’um incontrastável perfil telurocrático, muito embora, geopoliticamente falando, em tese constitua um poder talassocrático.

No restante do ensaio, Dugin desenvolve com mais vagar a ampla gama de diferentes matizes e elementos embutidos nos conceitos em tela. Os imponentes parágrafos com que o pensador russo encerra seu texto contribuem, se calhar, para tornar mais nítido o horizonte conceitual em tela (novamente, os grifos são meus):



During the struggle, the flame of the “resurrection of the spiritual North”, the flame of Hyperborea transforms the geopolitical reality.The new global ideology is the ideology of Final Restoration, putting the final dot to the geopolitical history of civilization - but not that dot, which wanted to put the mondialist spokesmen of the End of History. The materialistic, atheistic, antisacral, technocratic, atlantist variant of the End is turned into a different epilogue — the final Victory of the sacred Avatar, the coming of the Terrible Destiny, giving those who chose voluntary poverty a reign of spiritual abundance, and to those who preferred wealth founded on assassination of Spirit, eternal damnation and torments in hell.

The missed continents are lifted from the abysses of the past. Invisible meta-continents appear into reality. A New Earth and New Heaven arise.

This path is not from sacred geography to geopolitics, but on the contrary, from geopolitics to sacred geography.



A GRANDE SÍNTESE, assim sendo, alimenta-se da 'geografia sagrada', indo além, portanto, da mera análise geopolítica, da mera consideração a propósito das relações econômicas, da avaliação do jogo político, etc. Consiste, sobretudo, de um vasto e ambicioso esforço de compreensão do que há de mais recôndito, de mais arcano, de mais primordial, de mais fatal e inexorável em cada cultura; ou seja, do substrato simbólico, dos arquétipos fundamentais, dos mitos fundadores de cada civilização, com o fito de encontrar o 'elo perdido' na aurora da História, a remota unidade transcendente entre todas as grandes Tradições orientais e ocidentais. E já assumindo rasgos inequivocamente proféticos, muito embora perfeitamente coerentes no plano da lógica interna da 'geografia sagrada', Dugin antevê, por um lado, a derrocada final do 'Reino da Quantidade', mundo caótico e destituído de ideais, uma civilização agonizante e descrente, onde os valores tradicionais foram abandonados em nome das evanescentes ilusões do Tempo e da Matéria; e por outro, a gloriosa ascensão do Traditionswelt encarnado nas civilizações telurocráticas, onde, apesar de seu relativo atraso em termos de desenvolvimento tecnocientífico, permanecem vivas, mesmo que eventualmente em estado de latência, a potestade e a sabedoria perene que emanam da ETERNIDADE e do ESPÍRITO.

Por fim, um escólio de importância marginal, mas ainda assim necessário, quero crer. A perplexidade que algumas passagens de Dugin provocam é algo perfeitamente compreensível, não só pelo emprego deliberado d'uma retórica messiânica, em tom quase profético (a meu juízo curiosamente ecoando os versos apocalípticos de William Blake), mas também pela ruptura com vários paradigmas consagrados pelo pensamento político e sociológico mainstream, à direita e à esquerda. O autor ultrapassa de tal modo, com tamanha ousadia conceitual e ambição teórica, a estreiteza filosófica dos parâmetros de análise ‘consagrados’ na esfera das Ciências Sociais, que, de facto, o leitor habituado às abordagens acadêmicas ‘padronizadas’, sente-se desacorçoado, desorientado, quase que irremediavelmente perdido num indeslindável labirinto de signos e símbolos obscuros.


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A plena compreensão do que está efetivamente em jogo no projeto da Grande Síntese envolve, há que frisar, não só o firme talante de romper com o rigor mortis dos esquematismos ideológicos, mas também de imbuir-se d'uma disposição de espírito que envolve, em última instância, a fome do Absoluto; o esquecimento de si mesmo no ‘Vale do Aniquilamento’ (ó Attar, onde estás que não respondes?); o ato de arrojar-se no vórtice flamejante das paixões revolucionárias; de engajar-se nos horizontes da revolta messiânica contra a modernidade e, porventura, até mesmo o temerário mergulho nos vertiginosos báratros do aórgico...

Não sei se me fiz entender; muito provavelmente, não: apenas começo a singrar, no limite de minhas parcas possibilidades, um vasto e arcano Universo, com seus oceanos ignotos e fossas abissais, onde a lux aeterna dos séculos se desintegra em reflexos crepusculares... de todo modo, icei âncora, enfunaram-se as velas, fiz-me ao mar... para onde? Não sei; segue adiante, caravela onírica, pois "navegar é preciso", mesmo sendo árduo o périplo, e incerto o fado...


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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

Robert Fripp: in the Progressive Kingdom of the New Wave Gentlemen

Alphonse van Worden - 1750 AD



Uma das características mais importantes, tanto em termos estéticos quanto, por assim dizer, ‘operacionais’, do rock’n’roll, é sua capacidade ímpar em amalgamar elementos e tendências provenientes das mais diversas latitudes espaço-temporais. Destarte, um dos traços que, a meu juízo, determina o grau de excelência d’uma banda e/ou artista, é sua capacidade de agregar o maior número possível de elementos e conexões sem, contudo, perder o senso de unidade formal; ou em outras palavras, de conjugar a um só tempo ampla informação estética, ousadia criativa e rigor estrutural, logrando, assim, levar a efeito uma obra que não se esgota em si mesma, mas que, pelo contrário, descortina todo um horizonte de possibilidades e perspectivas.

O disco em tela a meu ver encaixa-se à perfeição na descrição acima delineada: formula-se, com efeito, como um brilhante exercício de fusão entre prog crimsoniano, propulsão dançante, punk rock e ambiências industrialistas, onde se destaca a intricada geometria dos contrapontos pontilhistas traçados pelo ataque conjunto da guitarra de Robert Fripp e do piano elétrico de Barry Andrews (XTC, Shrieckback), dinâmica que se ancora na vigorosa e hipnótica 'cozinha' de Sara Lee (Gang of Four, B-52's) e Kevin Wilkinson / Johnny Toobad; trata-se, pois, d’um estupendo trabalho de aggiornamento das complexas estruturas do rock progressivo através d’uma abordagem mais direta e incisiva, aliando destreza instrumental e punch sonoro. Não obstante, causa-me verdadeiro assombro, tendo em vista a megalomaníca pulsão por relançamentos que caracteriza mr. Fripp, que este precioso material esteja tão somente parcialmente disponível em formato digital na coletânea God Save The King (1985 - reeditada em CD no ano de 1989, mas hoje fora de catálogo). Por mais que a referida compilação sintetize eficazmente os experimentos de Fripp com discotronics e sua carreira com a League, fazem muita falta os interlúdios ambient/industrialistas presentes no álbum original da LOG (mormente a excelente seqüência “Indiscreet” I, II e III, na primeira das quais Sara Lee brada a pérola "rock'n'roll is about fucking!"), assim como a excelente “Minor Man” (com direito aos vocais schizo de Daniele Dax), uma das melhores músicas do disco; outrossim, parece-me inaceitável a opção de extirpar as 'found' voices antes presentes nas faixas “Cognitive Dissonance”, “HG Wells” e “Trap”, traço que lhes conferia um sabor deveras peculiar (por exemplo, como sobreviver sem o orgiástico orgasmo de miss Lee em “HG Wells”???)

Enfim, oh my brothers: The League of Gentlemen é indubitavelmente mais um trabalho a ser redescoberto, não apenas por ser um dos discos mais inteligentes, criativos e inusitados da longa carreira do 'Rei Escarlate', mas também como verdadeira aula magna de bom gosto e aventura sonora num contexto em que tanta porcaria pretensiosa e inócua é apresentada como supra-sumo da sofisticação musical (alô alô, Radiohead!).


quarta-feira, abril 22, 2009

Bravo, Mahmoud Ahmadinejad!! - I

Alphonse van Worden - 1750 AD




Depois da Segunda Guerra Mundial, eles lançaram mão da agressão militar para deixar uma nação inteira sem um lar, sob o pretexto do sofrimento judeu, e eles então enviaram imigrantes da Europa, Estados Unidos e de outras partes do mundo para estabelecer um governo totalmente racista na Palestina ocupada

Mahmoud Ahmadinejad, presidente da República Islâmica do Irã

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O GRANDE presidente Ahmadinejad, um dos ÚNICOS chefes de governo verdadeiramente DIGNOS no mundo contemporâneo, disse apenas o óbvio ululante em seu belo discurso por ocasião da Conferência sobre o Racismo, em Genebra; vale sublinhar, aliás, que o ínclito primeiro mandatário iranisno foi até bastante moderado em suas palavras: além de RACISTA, Israel é um Estado ILEGÍTIMO, CRIMINOSO, TERRORISTA e GENOCIDA!

De resto, VERGONHA ETERNA para o repulsivo Barack Obama, que é um hipócrita; um poltrão; um cínico; um 'lambe-botas' do moloch sionista; enfim, um verdadeiro 'negro de alma branca', ausentando-se ignóbil e covardemente d'uma conferência onde ele deveria ser o primeiro a se fazer presente. Trata-se d'um rematado salafrário, de tal modo frouxo, vil, servil e pusilânime, que foi incapaz de comparecer a um evento que trata exatamente d'um dos mais graves problemas enfrentados por seus irmãos de cor.




VIVA A REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ!

GLÓRIA ETERNA AO GRANDE AYATULLAH SAYYD RUHOLLAH MUSAVI KHOMEINI!

VIVA O AYATULLAH ALI SAYYD HOSEYNI KHAMENEI!

VIVA O PRESIDENTE MAHMOUD AHMADINEJAD!

MORTE AO MOLOCH SIONISTA!

MORTE AO GRANDE SATÃ!

domingo, abril 12, 2009

Repto a Barack Obama

Alphonse van Worden - 1750 AD





Que mil sextilhões de chagas miasmáticas alberguem-se em tuas metíficas carnes, flagicioso sagião do Norte, e que a flamante iracúndia de إبليس, como de fero escorpião contra os ímpios horrípilo aguilhão, profligação e sobrosso semeie nas ínvias hostes do escalfúrnio Grande Satã!!! 

Ó terrulento poltrão, obnóxia criatura, luctífero e nefário sicofanta de Tristano apodo, baldos são teus de cominação flébeis tentames, pois saxífrago é nosso talante, bem como a ática índole de nossos mavortes, de modo que propínquo está vosso metuendo exício!!!

domingo, abril 05, 2009

Bravo, Coréia Popular!!!

Alphonse van Worden - 1750 AD  


 Ó ínclitos confrades, vede que mirífica notícia ora nos chega da famígera Pyongyang: arrojou-se infrene pelas rutilantes sendas da Arcana Coelestia o portentoso Taepodong-2, supina jóia da missilística do excelso Reino de Chosŏn Julgavam os 'Tigres de Papel', em sua insensata jactância, que a Coréia Popular estava a blefar, e que apenas impotente bramia... ó que amarescente lição merecidamente receberam! De resto, que fique bem claro e assente: a única salvaguarda veramente efetiva contra as perfídias do imperialismo é a posse d'armamento nuclear; esperemos, pois, que a venerável República Islâmica bem compreenda tão precioso ensinamento. Enfim, áticos irmãos d'armas, brademos em uníssono: 

DÁ-LHE, CORÉIA POPULAR, TAEPODONG-2 NELES!!!



sexta-feira, abril 03, 2009

Notas de reflexão crítica XX - a propósito dos pares ordenados 'esquerda / revolução' - 'direita / reação'

Alphonse van Worden - 1750 AD 




- Há que problematizar, ínclitos irmãos d'armas, o automatismo psíquico / ideológico que associa fatal e necessariamente 'esquerda' à 'revolução' e 'direita' à 'reação / conservação', pois a realidade dos factos é sobremaneira mais metamórfica, difusa e complexa; destarte, é possível considerar, por exemplo, que o projeto 'reaccionário' de restaurar um determinado sistema, contexto ou modelo socioeconômico arcaico (tal como sucedeu na Itália durante a ascensão do fascismo, por exemplo) envolve uma transformação estrutural de considerável envergadura, configurando-se, pois, como fenômeno de certa forma revolucionário; analogamente, forças políticas ditas de 'esquerda' podem desempenhar, numa determinada conjuntura socioeconômica, um papel 'conservador', na medida em que seja de seu talante a manutenção da situação vigente (tal como ocorreu na URSS mormente a partir da década de 30). 

- É também instrutivo examinar a vertiginosa oscilação, bem como a interpenetração dinâmica, entre os estados 'revolucionário', 'conservador' e 'reaccionário', inclusive no âmbito dos mesmos agentes históricos; assim sendo, no esteio de uma situação potencialmente pré-revolucionária, por exemplo, o espectro político via de regra cinde-se entre conservadores (que defendem o status quo vigente) e revolucionários (que advogam a adoção de um movo modelo de organização socioeconômica). Uma pequena parcela dos conservadores assume uma posição mais extremada, de cunho reaccionário (de forma explícita ou não), esposando o retorno a um determinado status quo visceralmente anti-revolucionário; entre os revolucionários, por seu turno, ocorre um fenômeno inverso, isto é, a emergência de setores mais moderados, que se não são conservadores, endossam a adoção de um programa de jaez mais reformista que revolucionário, apoiando a implementação de medidas transformativas, mas não a subversão total do regime ou modelo vigente. 

- No bojo de uma conjuntura pós-revolucionária, via de regra presenciamos um significativo rearranjo do giroscópio político, com uma nova configuração dos agentes políticos: ao longo do tempo, uma parcela das forças revolucionárias encaminha-se para uma posição conservadora, na medida em que, mais do que propugnar o aprofundamento do processo revolucionário, preocupa-se com a manutenção das conquistas já encetadas; por outro lado, alguns setores permanecerão na esfera revolucionária, demandando um aprofundamento contínuo e progressivo do processo de transformação em curso. No campo conservador, outrossim, também ocorrerão mudanças: uma parcela dos conservadores, seja por oportunismo político, espírito adesista ou esperança de mitigar o ímpeto do processo revolucionário, acabará por se acomodar, em maior ou menor escala, ao novo regime, mantendo, dessa maneira, seu ethos conservador; não obstante, certas facções evoluirão para posições decididamente reaccionárias, advogando não raro a luta armada como meio para reverter o processo revolucionário em curso; por fim, outros setores também rumarão para a esfera do reaccionarismo, mas em clave mais moderada, sem engajamento direto em operações de confronto aberto contra o novo regime. 

- Consoante escrevi adrede, o paralelogramo das forças políticas contrastantes numa sociedade é uma estrutura dinâmica, por vezes sobremaneira volátil, capaz de modificar-se com assombrosa rapidez num contexto de agudização das contradições em tela; destarte, tão mais habilidoso será um agente político quanto mais for capaz de funcionar como um espécie de 'sismógrafo', detectando com precisão e percuciência as por vezes vertiginosas metamorfoses no quadro político. A esse respeito, portanto, há que louvar o extraordinário senso de oportunidade política que caracteriza, por exemplo, figuras como Lenin e Stalin, quiçá os dois 'sismógrafos políticos' mais hábeis dos últimos 100 anos. No campo conservador, devem ser lembrados De Gaulle, Thatcher e Reagan, que também foram notáveis 'sismógrafos políticos'.

Boris: from Droneland, and beyond the Übber-Drone








Nomeado a partir de uma música dos Melvins, o insano power trio japanoise Boris vem desde 1994 se afirmando como o pináculo absoluto da cena stoner/doom/sludge, deixando a ver navios notórios terroristas sônicos como Sleep, Earth, Thrones, Khanate, Sunn, Electric Wizard ou High Rise. O álbum em tela (o segundo em sua discografia, lançado originalmente em 1996 pelo selo da banda - Fangs Anal Satan -, e depois em 2001 pela norte-americana Southern Lord) é o mais agressivo e experimental destes mestres da distorção implacável, o que sem dúvida não significa pouco, uma vez que o trio japonês leva às últimas e mais extremas consequências o ethos delineado a princípio por bandas como Kyuss e Melvins: ralentar ao máximo a batida 'sabbathiana' e soterrá-la sob toneladas e mais toneladas de microfonia inclemente, drones abissais e devastadoras sonoridades graves; na vertente nipônica, a receita ainda inclui aterradoras injeções de psicodelia dark side, desvarios de space rock nos confins do Universo e brutais perversões industrialistas. A primeira faixa do álbum é a devastadora sinfonia do caos Absolutego, com seus inacreditáveis 65 de minutos de duração divididos em três movimentos. O primeiro deles se desdobra num oceano magmático de cataclísmicos drones de baixo ultra/mega/hiper-saturado e distorcido, com intervenções crescentes de microfonia guitarrística; na marca dos 25 minutos, a bateria faz sua entrada triunfal e a banda inicia o segundo movimento, tocando in full effect por 15 minutos uma massacrante jam psicossônica, com animalescos wah wah's de guitarras, explosões termonucleares de graves ensandecidos e terremotos percussivos em progressão geométrica; finalmente, uma ensurdecedora avalanche de 25 minutos de white noise encerra este inesquecível monumento à virulência sonora. A segunda faixa, Dronevil 2, funciona como uma espécie de coda para sua antecessora, com seus quase 8 minutos de sombrios tremores subterrâneos arrastando-se como um dinossauro ferido. Enfim, Absolutego [Special Low Frequency Version] é distorção brontossáurica em último estágio de desespero elétrico, é stoner metal levado aos mais extremos paroxismos de morosidade, white noise e peso catatônico, é o heavy 'sabbathiano' mergulhando no buraco negro da devastação sônica por intermédio da espaçonave transpsicodélica pilotada por Guru Guru & Cia., é uma nuvem radioativa de drones psicoativos de densidade máxima, é Melvins in a bad mood tocando mastodônticas covers de Flipper no hospício central de um Estado totalitário intergaláctico, é Godzilla devastando Tóquio sob as benções cibernéticas de Tetsuo, é... SÓ OUVINDO!!!!!  


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Ten. Giovanni Drogo 
 
Forte Bastiani 

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros