sexta-feira, dezembro 05, 2008

Próceres da Grande Síntese I - Girolamo Savonarola

Alphonse van Worden - 1750 AD







No esteio da proposta adrede iniciada n'outro sítio pelo irmão Daher, postarei aqui algumas considerações a propósito do ínclito frade dominicano Girolamo Maria Francesco Matteo Savonarola (1452 - 1498), um dos grandes próceres da teologia messiânica da ação revolucionária.

Desnecessário nos determos nos episódios da acidentada gesta biográfica de fra Girolamo, de sobejo conhecidos por todos os interessados em História medieval e filosofia política; concentremo-nos, pois, em seu significado para uma perspectiva Terza Posizione.

De Savonarola li alguns sermões, textos deveras impressionantes não só em virtude da intensidade flamejante de sua fé, mas também pela beleza rutilante de suas imagens literárias e, claro está, pelo ousado caráter de suas idéias políticas. Com efeito, não seria irrazoável afirmar que Savonarola foi um dos grandes pioneiros da teologia político-messiânica da ação revolucionária, convertendo a fé cristã em arma de libertação do povo contra a tirania dos poderosos, sem no entanto indulgir, tal como a tragicamente equivocada 'Teologia da Libertação', em qualquer hipótese de relaxamento moral e lassidão dos costumes, pois o excelso dominicano propugnava o mais rigoroso ascetismo moral como norma de conduta pessoal e social. Politicamente advogou uma maior participação do povo nas questões de Estado, por intermédio do "Grande Conselho", bem como a adoção d'um regime constitucional de caráter republicano, tudo isto sem no entanto abdicar, o que é de fundamental importância, da crença de que qualquer forma de poder ou organização social tão somente pode ser definida como LEGÍTIMA caso desfrute de lastro teológico.

Seu Trattato circa il Reggimento di Firenze é, se calhar, o que de mais importante escreveu em termos de reflexão política. É uma obra de leitura sumamente interessante, pois transfigura a perspectiva não d'uma teoria abstrata, mas d'um programa político de ação concreta sob a luz da Teologia. Não se trata, é mister salientar, d'um pensamento a predicar a mera instrumentalização política da religião para fins 'operacionais', mas sim d'uma reflexão que emerge do próprio imo da consciência religiosa ou, melhor dizendo, d'um impulso de transformação social que nasce não da razão política, mas dos postulados transcendentes da fé, convertendo a religião em agir político, e não o contrário. Portanto, não se pode, por exemplo, afirmar que Savonarola tenha canalizado politicamente a fé católica para defender seu programa de reformas, ou seja, que tenha feito uso da religião para agir politicamente, mas sim que fez uso da política para atuar religiosamente; e o mesmo poderia ser dito, aliás, a respeito de Khomeini no bojo da Revolução Iraniana, ou de Antônio Conselheiro na Revolta de Canudos, etc.

Enfim, preclaros irmãos d'armas: Savonarola sem dúvida figura em nosso panteão de grandes próceres, e seu legado não pode jamais ser olvidado.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Notas de reflexão crítica XVI - Vladimir Putin: em busca do tempo perdido

Alphonse van Worden - 1750 AD




- Dadas as contradições estruturais (cf. revolução microeletrônica e superveniência crescente do capital especulativo sobre o setor produtivo) do vetor estatista do sistema produtor de mercadorias, que se avolumaram em progressão geométrica a partir dos anos 70 do século passado, China e URSS viram-se diante da inadiável necessidade de reformular suas economias, tendo em vista que suas tendências disfuncionais não paravam de se agravar.

- A República Popular da China, se calhar em virtude da onda de choque, tanto simbólico-institucional quanto político-administrativa, desencadeada pela morte de Mao Zedong em 1976, largou na frente, dando início, já em 1978, a um amplo programa de reestruturação econômica. Desde então, o processo chinês, ainda que com movimentos pendulares de maior ou menor intensidade, tem se caracterizado por um norte estratégico nítido: abertura econômica + manutenção do monopólio do poder político por parte do PCC. Trata-se, portanto, de liberalizar a atividade econômica, de flexibilizar relações trabalhistas e mecanismos de gestão, sem, contudo, renunciar ao controle operacional de todo o processo por parte do mandarinato vermelho. Assim sendo, todas as iniciativas de abertura econômica são estritamente condicionadas pelos desígnios e necessidades estratégicas do Estado chinês; há que frisar, aliás, o sucesso do regime na implementação dessa sutil dialética, pois o Partido não apenas conservou intacto o monopólio do poder, mas logrou fazê-lo ao mesmo tempo em que promove um duradouro ciclo de intensíssimo desenvolvimento econômico capitalista. Ainda que se possa indagar a propósito da viabilidade ulterior de tal dinâmica, ou seja, sobre por quanto tempo mais o PCC, que tão hábil vem se revelando na improvável dialética de, a um só tempo, centralizar o poder político e abrir a economia, conseguirá tão prodigiosa mágica socioeconômica, é mister reconhecer que, até o momento, tudo está ocorrendo conforme o talante do aparato dirigente.

- A URSS, por seu turno, deu início a um processo análogo em 1985, com o advento de Mikhail Gorbachev ao posto de Secretário-Geral do PCUS. A reformulação sistêmica soviética, através das políticas cunhadas por Gorbachev e seu mais notório 'guru', o diplomata Alexander Yakovlev, enveredou por uma perspectiva diametralmente oposta à dinâmica que ocorria no 'Império do Centro': enquanto a arguta liderança chinesa manteve intacta a capacidade operacional do PCC, submetendo a dinâmica de reformas ao imperativo estratégico mais amplo do Estado, Gorbachev tencionou revigorar a URSS por intermédio da liberalização política, afrouxando com isso os dispositivos de controle estatal. Tal iniciativa, com efeito, não apenas falhou miseravelmente em regenerar a combalida economia socialista, mas também mergulhou o país no caos absoluto, desestruturando a sociedade soviética em praticamente todos os níveis e esferas de ação: as vicissitudes no sistema de transportes e distribuição de mercadorias, eterno ponto de estrangulamento no gigantesco País dos Soviets, agravaram-se sobremaneira, elevando estratosfericamente os custos em todos os setores da economia; a agricultura, outro 'calcanhar-de-Aquiles' tradicional na história soviética, também entrou em colapso, desencadeando uma série de crescentes crises de desabastecimento; a indústria, outrossim, que já vinha perdendo competitividade e eficácia desde anos 70, foi sufocada pela vertiginosa espiral inflacionária, bem como pela progressiva desorganização dos mecanismos de gestão; os ressentimentos ancestrais contra a 'Mãe Rússia', arraigados em quase todas as nacionalidades agregadas sob o pavilhão soviético, e que até então se conservavam mais ou menos represados pelo poder central, explodiram com grande violência no bojo da 'redemocratização', abalando os pilares do aparato estatal soviético. Assim sendo, o desenlace de tão ominosa dinâmica, conjugando anarquia econômica e 'liberalização' política caótica e irresponsável, não poderia ter sido outro: em 1991, apenas 5 após sua implementação, a demoníaca obra de destruição levada a cabo por Gorbachev conseguiu, enfim, dissolver a URRS.

- Com o advento da era Yeltsin, em 1991, célere propagou-se a metástase do câncer socioeconômico instaurado por Gorbachev. A ausência de uma gestão veramente democrática no seio do aparato partidário e da máquina estatal, questão que de modo algum foi solucionada pela glasnost, possibilitou a emergência de uma burocracia rapace e parasita; e com o fim da URSS, num contexto de severa deterioração da economia, foi possível constatar a consumação lógica deste processo, uma vez que, com a privatização em massa das empresas estatais, a classe de administradores públicos de imediato converteu-se em empresariado privado, havendo apenas uma transferência jurídico-formal da propriedade. Ao nos debruçarmos, pois, sobre o ciclo de privatização acelerada da economia que se deu com a ascensão de Boris Yeltsin, constataremos que grande parte da antiga burocracia gerencial soviética, tanto em termos de setor industrial quanto de financeiro, converteu-se maciçamente em classe proprietária. A expropriação econômica desencadeou-se portanto como epifenômeno lógico-empírico de um processo de expropriação política que já havia se forjado décadas atrás. O estamento administrativo transformou-se, com efeito, em alta burguesia proprietária; e se examinarmos mais acuradamente o fenômeno em tela, veremos que se trata, na verdade, não de uma metamorfose estrutural, mas sim de uma transferência maciça de titularidade nominal, uma vez que os meios de produção já estavam informalmente sob controle total de uma parcela de burocratas. Constituiu-se, assim, a famigerada casta de poderosos oligarcas intimamente ligados ao Kremlin, levando a efeito toda sorte de operações ilegais (tráfico de ópio através do Mar Negro, inclusive) sob o manto protetor da corrupção que tomou conta da administração pública em todas as esferas. E como se não bastasse, Yeltsin, atuando como infame gendarme a serviço das potências ocidentais, reprimiu duramente o conjunto das forças políticas nacionalistas durante a chamada ‘crise constitucional’ de 1993: sob a audaz liderança do vice-presidente Aleksandr Rutskoy e do deputado Ruslan Khasbulatov, o Soviet Supremo insurgiu-se contra o poder executivo num esforço desesperado para deter o sórdido processo de aniquilação do país capitaneado por Yeltsin, que tragicamente, com a colaboração da corrompida alta cúpula das forças armadas, sufocou o levante e instaurou definitivamente a traição nacional como ideologia vigente.

- É nesse cenário de ‘terra devastada’ que emerge na vida política russa, em meados dos anos 90, a figura de Vladimir Vladimirovich Putin. Vice-prefeito de São Petersburgo na primeira metade da década, diretor da FSB (ex-KGB) entre 1998-99, Putin foi nomeado por Yeltsin primeiro-ministro da Rússia em setembro 1999, vencendo em seguida as eleições presidenciais em 2000. A princípio não nos pareceu, há que salientar, que o ex-tchekist faria uma gestão essencialmente distinta do catastrófico legado de seu antecessor. Açodadamente julgávamos que Putin não teria condições, ou até mesmo vontade política, de empreender um esforço sério e resoluto de soerguimento político-econômico da Rússia, mormente em virtude da correlação de forças desfavorável ao país na esfera geopolítica internacional; não obstante, já em 2001, muito embora cometesse, em termos de política externa, o grave erro de apoiar a intentona imperialista contra o Afeganistão, seu governo emitiria o primeiro sinal positivo de caráter inequívoco: a abertura de processos por corrupção, evasão fiscal, desvio de recursos públicos e outros ilícitos contra os principais elementos da camarilha de oligarcas yeltsinistas, Boris Berezovsky e Mikhail Khodorkovsky, assestando assim um rude golpe nos setores mais entreguistas e antipatrióticos do panorama político russo. Putin também condenaria, nos termos mais acerbos, a invasão do Iraque em 2003, no esteio da implementação, a partir de 2002, de uma política externa mais soberana, agressiva e antiimperialista, em flagrante contraposição à postura gorbachevista / yeltsinista de humilhante submissão aos desígnios do Ocidente. No plano interno, é mister sublinhar que Putin levou a efeito um amplo programa de reorganização e dinamização da economia, aumentando os investimentos estatais tanto em infra-estrutura quanto em setores de tecnologia de ponta, estimulando assim a atividade produtiva de uma maneira geral; no que tange ao bem-estar da população, sua administração tem se empenhado em resgatar a ciclópica dívida social acumulada pelos governos de Gorbachev e Yeltsin, implementando numerosos programas de auxílio a aposentados, desempregados, mães solteiras e demais parcelas da população cruelmente desassistidas nos últimos 15 anos; em termos culturais, por fim, é nítida a adoção de toda uma estratégia de ação governamental no sentido ressuscitar o secular orgulho nacional russo, o que se reflete numa sutil mas emblemática orientação ideológica eslavófila (não por acaso, consoante se pode constatar, figuras de proa da ‘revolução conservadora’ russa, como o ínclito Aleksandr Dugin, por exemplo, adotam uma sagaz atitude de apoio crítico a Putin); há também, outrossim, o intuito de reforçar a presença da fé ortodoxa na vida do país, o que revela, vale dizer, o descortino psicológico de Putin, pois não há como reerguer a Rússia senão através da revitalização de suas matrizes espirituais.

- A eleição, sob os auspícios do presidente Putin, de Dmitri Medvedev em março último, sinaliza, queremos crer, a continuidade do processo adrede esboçado.Que o novo mandatário possa, destarte, dar prosseguimento ao polifônico e ambicioso movimento de reconstrução nacional iniciada por seu mentor, pois É preciso, pois, recuperar o tempo perdido, para que assim a Rússia enfim volte a ocupar plenamente o plano de destaque que lhe cabe no concerto das nações e, acima tudo, fazer com que a sempiterna Rodina reencontre seu destino glorioso e triunfal.

The Fall: You don't have to be strange to be strange!



Das bandas que compõem meu paideuma de excelência sônica, o Fall quiçá seja a de mais árdua decodificação; na ativa desde 1977, e com um catálogo de lançamentos de fazer inveja a Frank Zappa, o grupo de Mr. Smith (único integrante presente em todas as 'trocentas' mil formações da banda) já atravessou toda sorte de metamorfoses estilísticas, do punk abrasivo, caótico e tingido de paranóia industrialista característico de sua primeira e melhor fase entre 1977-1981; passando pelo post punk 'clássico' e incisivo do período intermediário com Brix Smith (1983-1988); acenos de garage rock sessentista em roupagem pós-moderna no primeiro lustro dos anos 90; até uma diluição de certo modo conscientemente paródica de suas matrizes estéticas a partir da metade da década de 90; é deveras complicado, portanto, traçar um perfil preciso da banda, que na verdade é o reflexo / transfiguração artística da personalidade e dos interesses em perpétua metamorfose de seu genial mentor.

Certamente boa parte do fascínio que o Fall exerce, é mister salientar, deve-se ao verdadeiro mito, à figura impagável que é Mark E. Smith. Dono de uma voz de alcance muito restrito, roufenha e um tanto quanto fanhosa, ‘agravada’ por um impenetrável sotaque northern english , Smith consegue de forma absolutamente brilhante reverter a seu favor suas diversas limitações. Assim, seu 'canto falado', extremamente mordaz e desleixado, com uma cadência entediada e cínica, é ideal para o assombroso festival de circunvoluções semióticas, labirínticos jogos de palavras, trocadilhos, portmanteau words, alusões políticas, assonâncias e aliterações que permeia suas letras.

O disco (o terceiro dos camaradas), onde o punk rock dadaísta de seus primeiros registros enfim terça vozes de forma definitiva com um hipnótico minimalismo de matriz teutônica, constitui, a meu ver, o ápice de sua trajetória, sintetizando à perfeição o que a banda sabe fazer de melhor. Assim sendo, temos peças memoráveis como Pay Your Rates, a clássica combustão punk de abertura, em compasso de crítica social na melhor tradição anarquista (Debtors' escape estate / Debtors' retreat estate / A no-motivation estate / Debtors' escape estate); New Face in Hell, onde o progressivo estranhamento melódico da canção conjuga-se com soberba precisão ao mergulho no inferno descrito na letra; C 'n' C-S Mithering, um dos mais vitriólicos ataques de Smith contra a indústria da música, emoldurada por tramas circulares de guitarras acústicas e uma atmosfera geral de delírio surreal; Impression of J. Temperance, austera colisão avant punk entre guitarras agônicas e ritmos assimétricos; Gramme Friday, claustrofóbica meditação sobre o cotidiano exasperante (The people I like live in kitchens and halls), onde temos um fascinante exercício de constraste formal entre uma solar batida rockabilly e brumas glaciais de guitarras superpostas, até a inquietante coda de nítido sabor psicodélico; e, por fim, encerrando em grande estilo este discaço, temos a antológica The N.W.R.A, imperturbavelmente desdobrando-se como ominosa hipnose motorik em mutação genética velvetiana, corrosiva epopéia político-existencial a refletir uma das maiores obsessões de Smith: a decadência socioeconômica do Norte da Inglaterra a partir da segunda metade do século XX, agravada sobremaneira pelo thatcherismo, e cujas possibilidades de regeneração nosso herói encara com amargo ceticismo (I'm Joe Totale / The yet unborn son / The North will rise again / Not in 10,000 years / Too many people cower to criminals / And government crap).

Aliás, em merecido louvor a um dos mais inteligentes e originais poetas em toda a história do rock'n'roll, postarei aqui as 2 melhores letras do ábum, que a meu juízo sintetizam as grandes linhas de força da lírica 'smithiana': 1) as alusões políticas anárquicas, 2) o irônico niilismo existencial e 3) os labirintos semânticos.

The N.W.R.A.

When it happened we walked through all the estates, from Manchester right to, er, Newcastle. In Darlington, helped a large man on his own chase off some kids who were chucking bricks and stuff through his flat window. She had a way with people like that. Thanked us and we moved on.

'Junior Choice' played one morning. The song was 'English Scheme.' Mine. They'd changed it with a grand piano and turned it into a love song. How they did it I don't know. DJs had
worsened since the rising. Elaborating on nothing in praise of the track with words they could hardly pronounce, in telephone voices.

I was mad, and laughed at the same time. The West German government had brought over large yellow trains on Teeside docks. In Edinburgh. I stayed on my own for a few days, wandering about in the, er, pissing rain, before the Queen Mother hit town.

I'm Joe Totale
The yet unborn son
The North will rise again
The North will rise again
Not in 10,000 years
Too many people cower to criminals
And government crap
The estates stick up like stacks
The North will rise again X4
Look where you are
Look where you are
The future death of my father

Shift!

Tony was a business friend
Of RT XVII
And was an opportunist man
Come, come hear my story
How he set out to corrupt and destroy
This future Rising

The business friend came round today
With teeth clenched, he grabbed my neck
I threw him to the ground
His blue shirt stained red
The north will rise again.
He said you are mistaken, friend
I kicked him out of the home

Too many people cower to criminals
And that government pap
When all it takes is hard slap

But out the window burned the roads
There were men with bees on sticks
The fall had made them sick
A man with butterflies on his face
His brother threw acid in his face
His tatoos were screwed
The streets of Soho did reverberate
With drunken Highland men
Revenge for Culloden dead
The North had rose again
But it would turn out wrong

The North will rise again


So R. Totale dwells underground
Away from sickly grind
With ostrich head-dress
Face a mess, covered in feathers
Orange-red with blue-black lines
That draped down to his chest
Body are a tentacle mess
And light blue plant-heads
TV showed Sam Chippendale
Oh, no conception of what he'd made
The Arndale had been razed
Shop staff knocked off their ladders
Security guards hung from moving escalators

And now that is said
Tony seized the control
He built his base in Edinburgh
Had on his hotel wall
A hooded friar on a tractor
He took a bluey and he called Totale
Who said, "the North has rose again"
But it will turn out wrong

When I was in cabaret
I vowed to defend
All of the English clergy
Though they have done wrong
And the fall has begun
This has got out of hand
I will go for foreign aid
But he Tony, laughed down the phone
Said "Totale go back to bed"
The North has rose today
And you can stuff your aid!
And you can stuff your aid!

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Pay Your Rates

Pay your rates
Pay your water rates
Pay your rates
Pay your water rates

If your rates too high
Write a snotty letter
If your rates too high
Put your life on this bit of paper

Advice on rates
Advice on rates

Pay your rates
Pay your water rates
Pay your rates
Pay your water rates

If your rates too high
You'd better sign this letter
If you don't pay your rates
You're gonna end up here

Or end up on debtors' retreat estate
Or debtors' retreat escape
Debtors' escape estate

Debtors' escape
Debtors' retreat escape
Debtors' retreat estate
Neuroticred landscape
A socialist state invention
The old government bones working

[Legendary Chaos tape:
Let's hear it for the working class traitors
Hello Warren Mitchell]

Debtors' escape estate
Debtors' retreat estate
A no-motivation estate
Debtors' escape estate

Pay the borough
Pay the borough
Pay your rates
Pay pretty sharp
Pay the borough
Pay the borough
Pay the borough

Pay your rates
Pay your water rates
Pay your rates
Pay your rates!

Enfim, meus filhos: divirtam-se com o peculiaríssimo universo do Fall; e como diria mestre Smith, You don't have to be strange to be strange / You don't have to be weird to be weird...



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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros