sexta-feira, dezembro 14, 2018

Eis então que num sonho...






Tive hoje um sonho sobremaneira curioso.

Encontrava-me num espaço imenso, úmido e soturno, espécie de amálgama entre os Carceri d'Invezione de Piranesi e as secretarias do Tribunal de Kafka tal como representadas no filme de Orson Welles.


Havia à minha volta uma multidão de vampiros de aparência andrajosa, circulando para lá e para cá em pequenos grupos, murmurando com aspecto preocupado palavras incompreensíveis. Eis então que encontro meu amigo Gabriel Schmitt, com um ar entre assustado e aparvalhado. 


Pergunto-lhe:


- O que você está fazendo aqui? 

- Não sei... recebi uma carta dizendo que deveria estar aqui, sob pena de enfrentar as mais terríveis consequências, e então resolvi vir... mas não sei o motivo.
- Estranho... você não deveria estar aqui... foi algum erro da Organização... mas enfim, já que está aqui, fique calado, não diga uma só palavra. Essas pessoas que você está vendo, todas elas são projeções da minha imaginação, compreende? Só eu e você somos reais aqui... portanto, fique quieto. 
- Mas e você, o que está fazendo aqui? 
- É uma questão complicada, você não entenderia... digamos que se trata de uma disputa patrimonial... um contencioso sobre uma herança.

Nisso aparece Caronte, segurando uma tocha numa das mãos, e um astrolábio na outra. A entidade se dirige a mim:


- Magister, a audiência já vai começar. Acompanhe-me, por favor.


Gabriel, consternado, faz menção de se levantar do assento de pedra onde estava, e diz:


- E agora, o que é que eu faço?


Respondo-lhe:


- Bem... pode vir... mas lembre-se: não diga nem uma palavra sequer!


Infelizmente despertei neste momento.



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Ten. Giovanni Drogo


Forte Bastiani


Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros