sexta-feira, abril 03, 2009

Boris: from Droneland, and beyond the Übber-Drone








Nomeado a partir de uma música dos Melvins, o insano power trio japanoise Boris vem desde 1994 se afirmando como o pináculo absoluto da cena stoner/doom/sludge, deixando a ver navios notórios terroristas sônicos como Sleep, Earth, Thrones, Khanate, Sunn, Electric Wizard ou High Rise. O álbum em tela (o segundo em sua discografia, lançado originalmente em 1996 pelo selo da banda - Fangs Anal Satan -, e depois em 2001 pela norte-americana Southern Lord) é o mais agressivo e experimental destes mestres da distorção implacável, o que sem dúvida não significa pouco, uma vez que o trio japonês leva às últimas e mais extremas consequências o ethos delineado a princípio por bandas como Kyuss e Melvins: ralentar ao máximo a batida 'sabbathiana' e soterrá-la sob toneladas e mais toneladas de microfonia inclemente, drones abissais e devastadoras sonoridades graves; na vertente nipônica, a receita ainda inclui aterradoras injeções de psicodelia dark side, desvarios de space rock nos confins do Universo e brutais perversões industrialistas. A primeira faixa do álbum é a devastadora sinfonia do caos Absolutego, com seus inacreditáveis 65 de minutos de duração divididos em três movimentos. O primeiro deles se desdobra num oceano magmático de cataclísmicos drones de baixo ultra/mega/hiper-saturado e distorcido, com intervenções crescentes de microfonia guitarrística; na marca dos 25 minutos, a bateria faz sua entrada triunfal e a banda inicia o segundo movimento, tocando in full effect por 15 minutos uma massacrante jam psicossônica, com animalescos wah wah's de guitarras, explosões termonucleares de graves ensandecidos e terremotos percussivos em progressão geométrica; finalmente, uma ensurdecedora avalanche de 25 minutos de white noise encerra este inesquecível monumento à virulência sonora. A segunda faixa, Dronevil 2, funciona como uma espécie de coda para sua antecessora, com seus quase 8 minutos de sombrios tremores subterrâneos arrastando-se como um dinossauro ferido. Enfim, Absolutego [Special Low Frequency Version] é distorção brontossáurica em último estágio de desespero elétrico, é stoner metal levado aos mais extremos paroxismos de morosidade, white noise e peso catatônico, é o heavy 'sabbathiano' mergulhando no buraco negro da devastação sônica por intermédio da espaçonave transpsicodélica pilotada por Guru Guru & Cia., é uma nuvem radioativa de drones psicoativos de densidade máxima, é Melvins in a bad mood tocando mastodônticas covers de Flipper no hospício central de um Estado totalitário intergaláctico, é Godzilla devastando Tóquio sob as benções cibernéticas de Tetsuo, é... SÓ OUVINDO!!!!!  


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Ten. Giovanni Drogo 
 
Forte Bastiani 

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

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