domingo, fevereiro 04, 2018

Mark E. Smith (1957 - 2018): um herói (possível) de nosso tempo


Nostalgia. É emblemático constatar ser precisamente este o sentimento recorrente nos melhores necrológios publicados na imprensa britânica a propósito de Mark E. Smith.

Nostalgia sem dúvida inspirada pelo ethos, pelos sentimentos, temáticas e sensibilidades estéticas cultivados pela banda do falecido cantor e letrista, que sempre evocou o que a Inglaterra tinha de mais singular e original, sem poupar seus compatriotas da mais corrosiva ironia, e talvez por isso mesmo outrossim celebrando suas melhores virtudes.

Entre outras coisas, era o reino inconteste do understatement; dos olhares sublimados; de gestos discretos, quase imperceptíveis, mas tão significativos em sua complexa geometria de silêncios... Um país, pois, caracterizado por uma miríade de fascinantes e surpreendentes sutilezas, com sua plêiade de excentricidades sutis e discretas peculiaridades.

Desafortunadamente, contudo, esse país hoje existe apenas nos escritos de figuras como GK Chesterton, Evelyn Waugh e PG Wodehouse; nos filmes de Tony Richardson ou Jack Clayton; nas letras de música de cronistas como Ray Davies e nosso querido Mark. Está a ser paulatinamente substituído, num processo que vem se intensificando desde a década de 90 do século passado, pelo "death twilight kingdom" (TS Eliot) do horror multiculturalista e da barbárie globalista liberal, infestado por hordas de analfabrutos e animonstros que a náusea e o fastio não me permitem ora elencar (e que todos vós obviamente sabeis muito bem quem são...).

Insomma: quem conheceu, conheceu; quem não conheceu, um abraço. E fim de papo.

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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

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