Alphonse van Worden - 1750 AD
Se há um autor que não me canso de visitar y revisitar, este é sir Edmund Spenser, sobretudo em se tratando de seu monumental FAERIE QVEENE, magnífica, incomparável e transcendente catedral em versos, onde em síntese magistral se amalgamam o ciclo arturiano; a poesia épica de Virgílio; a engenharia lírica petrarquiana; a exaltação patriótica; o fervor teológico; a arte a serviço da edificação moral dos pósteros.
Ler o FAERIE QVEENE é mergulhar na própria substância de que são entretecidos os sonhos y as mitologias; é peregrinar por sibilinas sendas, entre vales sombrios e fúlgidas planícies, c/ seus portentosos castelos e ominosas masmorras; entre miríades de dragões, salamandras, ogros, trolls, elfos, quimeras, gigantes, ciclopes, bruxos y feiticeiras, bem como entre audazes cavaleiros andantes e excelsas donzelas, toda uma vertiginosa miríade de lendas y narrativas. Com efeito, trata-se indubitavelmente do píncaro, a grande obra-prima em toda a história da literatura fantástica, o mirífico fanal onde Tolkien e tantos y tantos outros generosamente beberam.
Como se não bastara, ao contrário do que se poderia pensar, em termos estilísticos é Spenser, e não Shakespeare, o mais influente poeta da literatura inglesa, o que fica patente nas obras de autores como Milton, Pope, Blake, Wordsworth, Coleridge, Shelley, Keats, Tennyson etc.
Por fim, deixo vossas senhorias c/ um dos belíssimos sonetos monostróficos que constam do proêmio da obra.
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A Vision vpon this conceipt of the Faery Queene
ME thought I saw the graue where Laura lay
Within that Temple, where the vestall flame
Was wont to burne, and passing by that way,
To see that buried dust of liuing fame,
Whose tombe faire loue, and fairer vertue kept,
All suddenly I saw the Faery Queene:
At whose approch the soule of Petrarke wept,
And from thenceforth those graces were not seene.
For they this Queene attended, in whose steed
Obliuion laid him downe on Lauras herse:
Hereat the hardest stones were seene to bleed,
And grones of buried ghostes the heuens did perse.
Where Homers spright did tremble all for griefe,
And curst th'accesse of that celestiall theife
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