quinta-feira, dezembro 02, 2010

Swans: exercises on aural carnage and sonic rituals of punishment

























Eis aqui, para vosso imenso gáudio, mais uma pérola from my vynil vaults .

Muito bem: eis que nem sempre, ínclitos confrades, o que se denomina como ' rock industrial' caracterizou-se pela monótona pasmaceira eletrônica pseudo-metalizante de bandas como NIN, Ministry, KMFDM, etc. Não obstante, houve um tempo, mais especificamente entre 1977 e 85, em que o termo designava um conjunto de artistas, provenientes sobretudo da Inglaterra, dos EUA e da Alemanha, que empregavam fontes não-musicais (tais como sucata industrial, found sounds , tapes , distorção eletrônica, etc.) em suas composições; formações como Throbbing Gristle, Einstürzende Nëubaten, Test Department, SPK, Blech, Cassiber, Foetus, Whitehouse, NON, Psychic TV, Factrix e, claro está, os mefistofélicos novaiorquinos dos Swans, banda em tela na presente postagem.

A sonoridade dos caras já foi descrita por um crítico britânico como " Sister Ray , do Velvet Undergroud, a 16 RPM e mergulhada num pântano"; de facto, trata-se duma descrição brilhante, assaz acurada: claustrofóbica, ominosa, morosa, catatônica e avassaladora, nos primeiros anos a banda era crueldade sonora em estado bruto, alicerçada na bateria monomaníaca e detonações industrialistas do suiço Roli Mosimann; na guitarra dilacerante e agônica de Norman Westberg; no baixo hipnótico de Harry Crosby; e, claro está, nas insanas imprecações e escalafobéticos ruídos aleatórios perpetrados pelo insano vocalista Michael Gira, líder da banda e também responsável pela cinérea atmosfera de pesadelo kafkiano e perversão sádica que emanava das letras.

O estraçalhante Cop (1984), segundo LP deles é, a meu juízo, o ponto culminante da fase áurea da banda (ao lado de Public Castration Is a Good Idea, uma carnificina sonora gravada ao vivo em 1986).

Cop é o bramir sinistro d'uma siderúrgica envolta em brumas de resíduos industriais, onde homens e máquinas urram de dor, ódio e desespero, comandados por um H.A.L 9000 em disfunção operacional. Assim sendo,  a atmosfera que emana de suas faixas é nebulosa, soturna e ameaçadora, uma espécie de representação sônica da 'zona' interdita de Stalker, percorrida por legiões de espectros abissais. E em meio a a essa universo de inaudito terror, o ouvinte atento, ao detectar, por exemplo, boa parte das matrizes sonoras que hoje informam a ala mais extrema do metal / noise contemporâneo (Burning Witch, Halo, Cortisol, Khanate, Stumm, Aluk Todolo, etc.), perceberá quão influentes esses camaradas ainda são.























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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte – Deserto dos Tártaros

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