quinta-feira, outubro 01, 2009

Breve nota a propósito da venerável nação japonesa





































Ó áticos armígeros:

Gostaria hoje de falar-vos a propósito do brundúsio labéu que há já mais de cinco décadas avilta a História do outrora indômito e altaneiro 'Arquipélago do Sol Nascente’: o ignominioso estado de submissão no tocante aos EUA, como se um reles cão fosse, o rabo abanando e as mãos do dono lambendo.

Trágico, oprobrioso fado para essa nação de extraordinárias tradições (a arcana sabedoria das doutrinas shintō e zen / a mirífica sutileza de seus haikai /as diáfanas, quase celestinas texturas da pintura suibokuga) e feitos memoráveis ( tais como as vitórias da Marinha Imperial japonesa em Port Arthur e Tsushima , por exemplo, ambas por ocasião da guerra russo-japonesa de 1904 / 1905, triunfos veramente magníficos, até hoje admirados e estudados em História Militar; pátria da a um só tempo serena disposição d'alma e vigorosa disciplina militar do Bushidō (武士道); berço de Yamamoto Tsunetomo, Miyamoto Musashi, Matsuo Bashō, Sadao Araki, Kita Ikki, Hiroyoshi Nishizawa, Hideki Tōjō e tantos outros insignes próceres, guerreiros, pensadores e poetas, que com tanta nobreza, honradez e galhardia, à perfeição encarnaram a 'Aristocracia do Espírito' preconizada por Ernst Jünger e Julius Evola...

Toda esta miríade de glórias e lauréis hodiernamente reduzida a que? À reles condição de fabriqueta de estúpidas quinquilharias eletrônicas, onde o que antes era comprometimento existencial e férrea têmpera é hoje, em clave meramente protocolar, simbolismo vazio de significados e vulgar pantomima sem real substância.

Ominosa também, a meu ver, a sempiterna rivalidade existente entre Japão e China, se calhar a mais visceralmente trágica, absurda e estúpida cizânia entre duas nações em toda a História... Santo Cristo, espiritual e culturalmente o Japão é um rebento do 'Império do Centro', e se irmanados estivessem, ah!, fariam estremecer a própria superfície da Terra! Destarte, confrades, a primeiríssima coisa que chineses e japoneses deveriam fazer era arquivar d'uma vez por todas esse trágico e estólido dissenso milenar, tendo em vista a existência d'uma unidade primordial entre ambos, algo que transcende a índole transitiva da História para plasmar-se na Eternidade dos arquétipos e símbolos arcanos.

Há, pois, que passar da geopolítica para a 'geografia sagrada', da superfície dos eventos efêmeros para as águas profundas da Tradição, com o óbvio contributo do que há de positivo na ciência e na tecnologia. Eis, vale dizer, a essência supina da GRANDE SÍNTESE.

Enfim, excelsos irmãos d’armas, se devidamente equipado em termos de armamento moderno, e com sua casta militar novamente imbuída das excelsas tradições do Bushidō, o Arquipélago do Sol Nascente tornar-se-á uma força temível.

Oxalá um dia o Japão possa reencontrar o augusto destino que lhe cabe no concerto das nações...!

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Por fim, ínclitos irmãos d'armas, vede que portento de coragem, nobreza d'alma e espírito marcial constitui o Código de Honra dos samurais, que integra a tradição do 武士道 desde o século XII:

Eu não tenho pais, faço do céu e da terra meus pais.

Eu não tenho casa, faço do mundo minha casa.

Eu não tenho poder divino, faço da honestidade meu poder divino.

Eu não tenho pretensões, faço da minha disciplina minha pretensão.

Eu não tenho poderes mágicos, faço da personalidade meus poderes mágicos.

Eu não tenho vida ou morte, faço das duas uma, tenho vida e morte.

Eu não tenho visão, faço da luz do trovão a minha visão.

Eu não tenho audição, faço da sensibilidade meus ouvidos.

Eu não tenho língua, faço da prontidão minha língua.

Eu não tenho leis, faço da auto-defesa minha lei.

Eu não tenho estratégia, faço do direito de matar e do direito de salvar vidas minha
estratégia.

Eu não tenho projetos, faço do apego às oportunidades meus projetos.

Eu não tenho princípios, faço da adaptação a todas as circunstâncias meu princípio.

Eu não tenho táticas, faço da escassez e da abundância minha tática.

Eu não tenho talentos, faço da minha imaginação meus talentos.

Eu não tenho amigos, faço da minha mente minha única amiga.

Eu não tenho inimigos, faço do descuido meu inimigo.

Eu não tenho armadura, faço da benevolência minha armadura.

Eu não tenho espada, faço da perseverança minha espada.

Eu não tenho castelo, faço do caráter meu castelo.






















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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

1 comentário:

Frater Lucius disse...

Gostei do texto. Mas esse reencontro do Japão com sua identidade própria, assim como no resto do mundo, só se dará mediante a destruição da Besta globalista que tudo sufoca.