terça-feira, setembro 01, 2009

I put a spell on you!!!





























Indubitavelmente uma das figuras mais insanas e extravagantes em toda a história da música pop norte-americana. Como seu epíteto decerto já nos tranfigura, Screamin' Jay Hawkwins guindou a tradição do shoutin' blues sulista aos mais extremos paroxismos de força expressiva e teatralidade maníaca. Com seu canto onomatopaico, pontuado por gritos, urros, gargalhadas, soluços, uivos, lamentos e imprecações diversas, o formidando negão conferiu às suas canções uma aura a um só tempo hilariante e alucinatória, mescla de feitiçaria voodo, deboche irrefreável e cartoon musical ambulante; acrescente-se a isso suas estapafúrdias letras sobre temas como bruxaria, possessão demoníaca, missas negras, canibalismo e sexo animal, de todo ultrajantes para a América moralista dos anos 50, bem como suas impagáveis performances ao vivo com velas, amuletos satânicos, caveiras flamejantes, caixões autênticos e outros 'exus' (isto pelo menos duas décadas antes de entidades como Alice Cooper, George Clinton ou Cramps!), e o resultado é um ícone verdadeiramente singular e imprescindível para os amantes do lado selvagem do rock'n'roll.

A coletânea em tela, Voodoo Jive: The Best of Screamin' Jay Hawkins, editada sob os auspícios da costumeira competência e bom gosto da Rhino Records, sem dúvida reúne o essencial de Hawkins: desde suas abstrusas versões para standards originalmente 'caretas' como I Love Paris (Cole Porter) e Person to Person (McCarthy, Monaco); passando por r&b's frenéticos como Little Demon, Just Don't Care, Yellow Coat e Move Me; até enfim chegar aos inclassificáveis cavalos de batalha do mestre, fundindo blues trovejante, psicose voodoo à beira de um ataque de nervos e putaria generalizada em maravilhas como Alligator Wine (cuja genial produção evoca a fauna dos bayous no deep south em meio ao desvario vocal de Hawkins), I Put a Spell on You (registrada com a banda totalmente alcoolizada), Frenzy (com a fera devidamente desatinada), (She Put The) Wamee (On Me) (uma das letras mais sacanas de todos os tempos), I Hear Voices (com todas as assombrações do mundo competindo em alopramento com o bluesman n'outra produção memorável), Feast of the Mau Mau (encenando um convescote de canibais numa das teatralizações mais cômicas e desarvoradas de sua carreira) e Constipation Blues (inacreditável sinfonia de espirros, escarradas e soluços em 'homenagem' à gripe!).







Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

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