segunda-feira, maio 07, 2007

Breve comentário sobre a disjuntiva 'administração pública' x 'política'

Alphonse van Worden - 1750 AD



O contencioso radica, creio, na reiterada mixórdia que amiúde ocorre entre os conceitos de 'administração pública, de um lado, e 'política', de outro:

A 'administração pública' é um espaço de decisão pautado pela escolha racional do caminho, perspectiva ou solução mais eficaz disponível no momento; é, destarte, um domínio onde impera a ação determinada por coordenadas empíricas, isto é, pelas limitações, estruturais e conjunturais, impostas por um dado contexto.

A 'política', por seu turno, é uma esfera de atuação determinada por imperativos essencialmente ideológicos, em outras palavras, pelo desejo que se converte em esforço coletivo; assim sendo, independe de quaisquer injunções ditadas pela razão.

Uma instância concreta do que acabo de expor pode ser constatada ao examinarmos o que ocorre hodiernamente na Venezuela: em termos de 'administração pública', o governo do presidente Hugo Chávez adota, como deve ser, uma perspectiva balizada por critérios de ação racionais, de modo que, por exemplo, as exportações de petróleo para os EUA prosseguem em seu curso normal; por outro lado, no que tange à esfera 'política', Chávez pode dar livre curso a seu desiderato ideológico, conclamando o continente ao enfrentamento antiimperialista.

Claro está que a situação ideal surge quando se torna possível uma convergência, tanto de propósitos quanto operacional, entre as duas esferas; ou, em outras palavras, quando a 'administração pública' corresponde aos anseios da ideologia e a 'política' pode pautar-se pela razão sem trair os ideais que acalenta; desafortunadamente, contudo, isto sói acontecer mui raramente na História.

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