terça-feira, agosto 01, 2006

As mais belas mortes - II

Yukio Mishima (1925-1970)


























Kimitake Hiraoka (1925-1970), dito Yukio Mishima, famígero homem de letras, militante fascista e sociopata nipônico, padeceu transpassamento de notável dessuetude.

O preclaro escritor, vale dizer, nunca foi figura das mais usitadas; consta, por exemplo, que na infância sentia atração sexual pela imagem de São Francisco Xavier, tendo-lhe inclusive prestado páticos preitos nos 'templos de Onan'...

Ora procedamos, todavia, à decedura em tela: a 25 de novembro de 1970, Mishima, acompanhado por seus correligionários de TATENOKAI (movimento político de extrema-direita nostálgico do regime militar japonês das décadas de 30-40), tomou de assalto o campo de Ichigaya, Quartel-General em Tóquio do Comando Leste das forças armadas japonesas. A tresloucada brigada de insurrectos envencilhou o comandante da unidade, barricando-se em seu escritório; isto feito, Mishima assomou à sacada do edifício e, de acordo com o talante do movimento, principiou a arengar a soldadesca, tentando convencê-la a cerrar fileiras para promover um golpe de estado restaurando a monarquia absoluta sob a égide d'uma ditadura militar. Baldos foram, no entanto, tais intentos, uma vez que os militares, em tremebundo alarido, apuparam-no e ameaçaram-no nos termos mais amarescentes; à Mishima, em estado d'ânimo sobremaneira astroso, nada mais restou senão cometer seppuku, o solene suicídio ritual dos samurais nipônicos, ato que foi rematado, consoante às mais prístinas tradições do bushido, por sua decapitação, levada a cabo pelo confrade Hiroyasu Koga.


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Euclides da Cunha (1866-1909)






















Déifico arcano das letras brasileiras, o impertérrito Euclides da Cunha (1866-1909) teve, no entanto, uma cacotanásia das mais vexatórias e patéticas.

Em 1905 sua extremosa esposa Ana Emilia, então com 30 anos, travou conhecimento com um belo efebo de 17 anos, Dilermando de Assis, cadete da Escola Militar. A despeito da disparidade de idades, teve então princípio um rumoroso idílio amoroso, passando inclusive nosso Homero dos trópicos pelo supino labéu de registrar como seus dois frutos do ignominioso adultério. Em 1909 a situação tornou-se veramente insustentável, e Ana mudou-se no dia 14 de agosto para a casa de Dilermando.

No dia 15, por volta das 10 horas da manhã, Euclides bateu à porta do ínvio Dilermando, sendo recebido por seu irmão, Dinorah; tresvariado, o egrégio erudito desferiu-lhe dois balázios, o segundo alojando-se na nuca. Dilermando, por sua vez, foi alvejado na virilha e no peito; atirador exímio, o armígero amásio tencionou desarmar Euclides com disparos no pulso e na clavícula. O insigne galardão da cultura nacional tentou evadir-se, mas um tirázio fatal de Dilermando acertou-lhe as costas. Ao filho Solon, que lá estava quiçá tentando reconduzir a mãe ao lar desfeito, o pai moribundo disse: "perdôo-te"; ao escalfúrnio militar: "odeio-te"; e, por fim, à mulher: "honra... perdôo-te".

Post-Scriptum

No dia 4 de julho de 1916, Quidinho (Euclides da Cunha Filho), aspirante da Marinha, logrou encontrar-se com o homizieiro de seu pai no Cartório do 2º Ofício da 1ª Vara de Órfãos, no Rio de Janeiro. Sacou então sua pistola, ferindo Dilermando; este, por sua vez, ripostou com três disparos, matando o infausto herdeiro.


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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

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