terça-feira, agosto 07, 2012

Etapas da GRANDE SÍNTESE: repensar a Segunda Guerra Mundial - I

Alphonse van Worden - 1750 AD































A peregrinação em direção à GRANDE SÍNTESE entre todas as correntes filosóficas e ideológicas anticapitalistas e antiburguesas, por um lado; e por outro, todas as tradições esotéricas da revolta irracionalista contra a 'Sociedade Aberta' ao longo da História será, há que admitir, sobremaneira longa e tortuosa. Há inúmeras arestas e incompreensões mútuas a serem aparadas; séculos de mal-entendidos (não raro disseminados por nossos adversários); ressentimentos; discrepâncias conjunturais de ordem política; enfim, toda uma série de equívocos e distorções, conscientes ou não.

E no âmbito do itinerário teórico-existencial adrede aludida, uma das etapas que me parecem mais importantes é a compreensão da II Guerra Mundial como a mais terrível tragédia que se abateu sobre a GRANDE SÍNTESE, adiando-a por várias décadas, quiçá até por séculos. Lembro-me, a esse respeito, da memorável assertiva de um professor de filosofia que tive na graduação, proferida em tom de divertida boutade, mas sem dúvida portadora d'um acurado senso de verdade:


"A batalha de Stalingrad foi a manifestação concreta do conflito teórico entre hegelianos de esquerda e de direita".


Com efeito, ele estava certo: a II Guerra Mundial representou, em última instância, a trágica oposição, convertida em mortífera guerra de extermínio, entre dois 'grandes irmãos' que jamais lograram perceber a profunda unidade metafísica e teleológica existente entre ambos.

Até hoje, tal incompreensão mútua é, sem sombra de dúvida, o grande entrave para a concretização da ambiciosa IDÉIA EURASIANA, vale dizer, da vasta dinâmica de convergência histórica, ideológica e espiritual entre as grandes potências telurocráticas da Europa e da Ásia, no intento de levar a efeito a conflagração definitiva contra o bloco Atlantista. Trata-se, como salienta o professor russo Aleksandr Dugin, da 'Grande Guerra entre os Continentes', cujas ressonâncias ultrapassam a simples esfera da ação humano para plasmar-se na eternidade da guerra 'cósmica' entre as duas Tradições / cosmovisões centrais na esfera da cultura ocidental.

Vale salientar, à partida, que a tragédia acima referida não se dá apenas no plano ideológico ou espiritual, mas também na esfera das relações materiais. Ao observarmos a situação em que estavam tanto a Alemanha nazista quanto a URSS stalinista durante a década de 30 da última centúria, não é difícil constatar que ambas atravessavam uma fase de acelerada expansão econômica.

O país dos sovietes, muito embora sacudido até os alicerces pelas ondas sísmicas deflagradas com a 'revolução pelo alto' de Stalin entre 1930 / 31 (processo de coletivização da agricultura, implementação do 'stakhanovismo' super-industrialista de Kuybishev & cia.), esteve blindado contra os efeitos da devastadora crise de 29, e com com isso singrou de vento em popa os oceanos da industrialização, levando a efeito em menos d'uma década o que a Europa Ocidental levou quase 100 anos para realizar. Estima-se, vale dizer, que a URSS, caso a II Guerra não houvesse ocorrido, superaria tanto a economia norte-americana quanto o conjunto das economias desenvolvidas da Europa em menos de 20 anos.

A Alemanha nazista, por seu turno, logrou recuperar-se em tempo record da abissal depressão econômica em que o país esteve mergulhado durante toda a década de 20, através d'uma espécie de 'keynesianismo militar avant la lettre', com o Estado atuando decisivamente como indutor do crescimento; assim sendo, estancou em definitivo a espiral inflacionária que corroía as finanças da nação; converteu o desemprego num problema meramente residual; e last but not the least, promoveu um desenvolvimento inaudito em termos de evolução tecnocientífica.

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