Alphonse van Worden - 1750 AD
Áticos irmãos d'armas:
Consoante já sublinhamos em reiteradas ocasiões, a peregrinação em direção à GRANDE SÍNTESE eurasiana, isto é, a convergência entre as principais correntes filosóficas e ideológicas anticapitalistas e antiburguesas, por um lado; e por outro, as tradições esotéricas da revolta irracionalista contra a 'Sociedade Aberta' ao longo da História será, há que admitir, sobremaneira longa e tortuosa. Há inúmeras arestas e incompreensões mútuas a serem aparadas; séculos de mal-entendidos (não raro disseminados por nossos adversários); ressentimentos; discrepâncias conjunturais de ordem política; enfim, toda uma série de equívocos e distorções, conscientes ou não.
Para tempo, iniciaremos o supracitado ciclo com algumas considerações sobre a milenar rivalidade entre duas potências telurocráticas de fundamental importância para a concretização projeto eurasiano: Alemanha e Rússia.
Trata-se d'um processo que remonta mormente ao século XIII, quando Aleksandr Yaroslavich Nevskij, Príncipe de Novgorod e Vladimir, derrotou a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, sob o comando do príncipe Hermann de Dorpat, na Batalha do Lago Peipus (1242), localizado na fronteira entre a Estônia e a Rússia. (O episódio foi celebrizado pelo cineasta soviético Sergei Eisenstein num filme extraordinário: Aleksandr Nevskij - 1938).
E no âmbito de nosso esforço em aplainar o terreno para a Nova Ordem, uma das etapas mais importantes é a compreensão da II Guerra Mundial como a mais terrível tragédia que se abateu sobre a GRANDE SÍNTESE, adiando-a por várias décadas, quiçá até por séculos. Parece-me claro que o contencioso ancestral entre povos eslavos e germânicos por si só não logra explicar / justificar um conflito da magnitude da II Guerra Mundial.
"A batalha de Stalingrad foi a manifestação concreta do conflito teórico entre hegelianos de esquerda e de direita".
Com efeito, ele estava certo: a II Guerra Mundial representou, em última instância, a trágica oposição, convertida em mortífera guerra de extermínio, entre dois 'grandes irmãos' que, de certa forma, jamais lograram perceber, de um lado, a profunda unidade metafísica e teleológica existente entre ambos; e de outro,a comunhão de interesses geopolíticos no âmbito do conflito permanente entre as duas dinâmicas que ditam o compasso da História: o eurasianismo telurocrático e o atlantismo talassocrático.
Vale salientar, à partida, que a tragédia acima referida não se dá apenas no plano ideológico ou espiritual, mas também na esfera das relações materiais. A esse respeito, é assaz instrutivo observarmos a situação vivida, tanto pela Alemanha nazista quanto pela URSS stalinista, durante a década de 30 da última centúria.
O aspecto precípuo a ser ressaltado, quero crer, é a irreprochável constatação de que ambas atravessavam uma fase de acelerada expansão econômica.
O país dos soviets, muito embora sacudido até os alicerces pelas ondas sísmicas deflagradas com a 'revolução pelo alto' de Stalin entre 1930 / 31 (processo de coletivização da agricultura, implementação do 'stakhanovismo' super-industrialista de Kuybishev & cia.), esteve blindado contra os efeitos da devastadora crise de 29, e com com isso singrou de vento em popa os oceanos da industrialização, levando a efeito em menos d'uma década o que a Europa Ocidental levou quase 100 anos para realizar. Estima-se, vale dizer, que a URSS, caso a II Guerra não houvesse ocorrido, superaria tanto a economia norte-americana quanto o conjunto das economias desenvolvidas da Europa em menos de 20 anos.
A Alemanha nazista, por seu turno, logrou recuperar-se em tempo record da abissal depressão econômica em que o país esteve mergulhado durante toda a década de 20, através d'uma espécie de 'keynesianismo militar avant la lettre', com o Estado atuando decisivamente como indutor do crescimento; assim sendo, estancou em definitivo a espiral inflacionária que corroía as finanças do país; converteu o desemprego num problema meramente residual; e last but not the least, promoveu um desenvolvimento inaudito em termos de evolução tecnocientífica.
(Continua)
Consoante já sublinhamos em reiteradas ocasiões, a peregrinação em direção à GRANDE SÍNTESE eurasiana, isto é, a convergência entre as principais correntes filosóficas e ideológicas anticapitalistas e antiburguesas, por um lado; e por outro, as tradições esotéricas da revolta irracionalista contra a 'Sociedade Aberta' ao longo da História será, há que admitir, sobremaneira longa e tortuosa. Há inúmeras arestas e incompreensões mútuas a serem aparadas; séculos de mal-entendidos (não raro disseminados por nossos adversários); ressentimentos; discrepâncias conjunturais de ordem política; enfim, toda uma série de equívocos e distorções, conscientes ou não.
Para tempo, iniciaremos o supracitado ciclo com algumas considerações sobre a milenar rivalidade entre duas potências telurocráticas de fundamental importância para a concretização projeto eurasiano: Alemanha e Rússia.
Trata-se d'um processo que remonta mormente ao século XIII, quando Aleksandr Yaroslavich Nevskij, Príncipe de Novgorod e Vladimir, derrotou a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, sob o comando do príncipe Hermann de Dorpat, na Batalha do Lago Peipus (1242), localizado na fronteira entre a Estônia e a Rússia. (O episódio foi celebrizado pelo cineasta soviético Sergei Eisenstein num filme extraordinário: Aleksandr Nevskij - 1938).
E no âmbito de nosso esforço em aplainar o terreno para a Nova Ordem, uma das etapas mais importantes é a compreensão da II Guerra Mundial como a mais terrível tragédia que se abateu sobre a GRANDE SÍNTESE, adiando-a por várias décadas, quiçá até por séculos. Parece-me claro que o contencioso ancestral entre povos eslavos e germânicos por si só não logra explicar / justificar um conflito da magnitude da II Guerra Mundial.
Lembro-me, a esse respeito, da memorável assertiva d'um saudoso professor de filosofia (de quem tive a honra de ser discípulo n'outros lustros), proferida em tom de divertida boutade, mas sem dúvida portadora d'um acurado senso de verdade:
"A batalha de Stalingrad foi a manifestação concreta do conflito teórico entre hegelianos de esquerda e de direita".
Com efeito, ele estava certo: a II Guerra Mundial representou, em última instância, a trágica oposição, convertida em mortífera guerra de extermínio, entre dois 'grandes irmãos' que, de certa forma, jamais lograram perceber, de um lado, a profunda unidade metafísica e teleológica existente entre ambos; e de outro,a comunhão de interesses geopolíticos no âmbito do conflito permanente entre as duas dinâmicas que ditam o compasso da História: o eurasianismo telurocrático e o atlantismo talassocrático.
Vale salientar, à partida, que a tragédia acima referida não se dá apenas no plano ideológico ou espiritual, mas também na esfera das relações materiais. A esse respeito, é assaz instrutivo observarmos a situação vivida, tanto pela Alemanha nazista quanto pela URSS stalinista, durante a década de 30 da última centúria.
O aspecto precípuo a ser ressaltado, quero crer, é a irreprochável constatação de que ambas atravessavam uma fase de acelerada expansão econômica.
O país dos soviets, muito embora sacudido até os alicerces pelas ondas sísmicas deflagradas com a 'revolução pelo alto' de Stalin entre 1930 / 31 (processo de coletivização da agricultura, implementação do 'stakhanovismo' super-industrialista de Kuybishev & cia.), esteve blindado contra os efeitos da devastadora crise de 29, e com com isso singrou de vento em popa os oceanos da industrialização, levando a efeito em menos d'uma década o que a Europa Ocidental levou quase 100 anos para realizar. Estima-se, vale dizer, que a URSS, caso a II Guerra não houvesse ocorrido, superaria tanto a economia norte-americana quanto o conjunto das economias desenvolvidas da Europa em menos de 20 anos.
A Alemanha nazista, por seu turno, logrou recuperar-se em tempo record da abissal depressão econômica em que o país esteve mergulhado durante toda a década de 20, através d'uma espécie de 'keynesianismo militar avant la lettre', com o Estado atuando decisivamente como indutor do crescimento; assim sendo, estancou em definitivo a espiral inflacionária que corroía as finanças do país; converteu o desemprego num problema meramente residual; e last but not the least, promoveu um desenvolvimento inaudito em termos de evolução tecnocientífica.
(Continua)