segunda-feira, março 09, 2009

As mais belas mortes - VII

Hélène Althusser (1910-1980)


Cá estamos para narrar mais uma libitina sucedida em seara acadêmica. Desta feita falaremos sobre a socióloga francesa Hélène Althusser (1910-1980), esposa do célebre teórico marxista e mentecapto gaulês Louis Althusser (1918-1990), cuja lôbrega defunção ocorreu em circunstâncias que até hoje assombram a comunidade filosófica, mormente a de influência francófona.

No domingo 16 de novembro de 1980, por volta de 8 horas da manhã, Althusser, em estado de severa desorientação mental, emergiu do apartamento funcional que ocupava com sua esposa na ENS (École Normale Supérieure) berrando desesperadamente: "minha mulher está morta!". Logo a seguir deparou com o doutor Etienne, médico da instituição, a quem confessou em detalhes o ínvio uxoricídio: estrangulara Héléne com um lençol.

Internado em um hospital psiquiátrico parisiense, Althusser recebeu no dia seguinte a visita de um juiz de instrução; o referido magistrado decidiu cancelar todas as diligências processuais relativas à acusação de homicídio voluntário, tendo concluído, após conversar com o filósofo, que "sua mente já não pertencia a este mundo".

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Anton Webern (1883-1945)


O austríaco Anton Friedrich Wilhelm von Webern (1883-1945) foi, sem qualquer sombra de dúvida, um dos mais extraordinários compositores do século XX, quiçá de todos os tempos. Figura axial para a música de vanguarda contemporânea, notadamente nas vertentes atonal e dodecafônica, legou-nos um punhado de obras rutilantes, tais como Sechs Stücke für großes Orchester (opus 6 - (1909-10, reformulada em 1928), Sechs Bagatellen für Streichquartett (opus 9 - 1913), Symphonie (opus 21 - 1928), Variationen für Orchester (opus 30 - 1940), etc.

Pois muito bem: a morte do ático artista vienense foi das mais patéticas de que se tem notícia. No início de 1945, por ocasião da entrada das tropas soviéticas em Viena, Webern mudou-se com sua esposa para Mittersill, um vilarejo nas proximidades de Salzburg, onde imaginava que encontraria maior tranquilidade; a 15 de setembro do mesmo ano, todavia, o compositor, que se preparava para retornar à capital, foi acidentalmente alvejado por um soldado norte-americano das tropas de ocupação.
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Ten. Giovanni Drogo

Forte Bastiani

Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros

5 comentários:

Gustavo Townsend disse...

Pelo que li ele havia saído de casa para acender um cigarro, e no momento em que colocou a mão no casaco pra pegá-lo, um guarda atirou nele, por pensar que ele estava sacando uma arma ou coisa parecida.

ENJOY MARLBORO

abraços, dude

Gustavo Townsend disse...

Consta na Wikipedia que o Stravinsky escreveu o seguinte epitáfio no seu túmulo: "Nós devemos não apenas homenagear este grande compositor, mas, elegê-lo à categoria de herói.Condenado ao insucesso pela surdez de um mundo inconsciente e insensível, permanecia ele incansável a lapidar seus diamantes, seus preciosos diamantes, cuja mina tão bem - e só ele - conhecia."

Genial não?

Um abraço, até mais.

Alphonse van Worden disse...

Caramba, dude... esse detalhe do cigarro eu não conhecia! Realmente incrível, multiplica ainda mais a tragicidade da coisa toda.

E sobre o epitáfio de Stravinsky, é mesmo belíssimo. Vale também lembrar que a influência de Webern foi crucial para a última fase da carreira de Stravinsky.

Fernando disse...

Decerto que o Althusser deve ter botado a culpa de seu terrível crime nos Aparelhos Ideológicos do Estado...

Alphonse van Worden disse...

Huhuhuhu, que maldade... :p