sexta-feira, dezembro 31, 2004

Escrituras Magnas

Alphonse van Worden - 1750 AD





À fantasmática sombra dos sibilinos cerros djíminicos, acantonadas estão as majestosas Legiões Transfinitas, as quais na espectral madrugada em revista ora passo; de inefável gáudio inebriados todos estamos, uma vez que os Senescais da Guerra Cósmica, Custódios dos Arcanos Quânticos e Paladinos Supremos do Concento Universal, CHRISTUS PANTOCRATOR e علي بن أبي طالب (que tudo veem sem vistos serem), nas luctíferas colinas do Armagedom contra as do sevo GRANDE SATÃ escalfúrnias hostes um ano de portentosas vitórias nos facultaram; reparo, todavia, que, da atmosfera geral destoando, em sua tenda meditativo jaz o sempiternamente grave e solene Ten. Drogo; aproximo-me então do insigne irmão d’armas, e vejo que imerso está em seus vetustos alfarrábios; ainda assim, todavia, pela curiosidade movido, decido a propósito de sua douta faina indagar-lhe: "ó ático Drogo, em laboriosas lides tão entretido, a que supinos misteres literários te entregas?" Com a de gestos principesca lhaneza que lhe é habitual, o armífero erudito sustou por um momento o curso de sua labuta e respondeu-me, afável: "há já uns tantos lustros, excelso confrade, no postrimeiro dia de cada ano, dedico-me à leitura de três miríficos pedaços d’escrita que, creio eu, à perfeição ilustram a lôbrega condição humana nos tempos hodiernos: os poemas The Waste Land (T.S.Eliot) e The Second Coming (W.B.Yeats), bem como a parábola Vor dem Gesetz (Franz Kafka); e a cada ano, meu egrégio Worden, como se ominosos vaticínios fossem, constato que as referidas peças com crescente fidelidade refletem a terminal desagregação de nossa infausta espécie..."

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