Inglaterra, 1985.
Alex DeLarge aos
30 anos de idade. Após toda a experiência traumática com o tratamento Ludovico;
a impiedosa vingança da sociedade após seu retorno; a tentativa de suicídio e
anos de internação psiquiátrica etc., nosso protagonista resolve que o melhor a
fazer seria adquirir uma base intelectual sólida. Não que tivesse a ilusão de
que isto fosse dar algum sentido 'maior' a sua vida, muito menos justificá-la;
pensa, não obstante, que talvez seja uma maneira de pô-la em perspectiva, de
proporcionar foco e direção ao ódio profundo e inexorável que continua a
devorar-lhe as entranhas. Assim sendo, solicita a seu grande fiador no seio do
governo, o Min. do Interior, que lhe consiga uma bolsa de estudos em
sociologia, filosofia, literatura ou psicologia n'alguma boa instituição de
ensino no país. Acionando os canais competentes e submetendo Alex aos trâmites
e exames acadêmicos necessários, o min. logra inscrevê-lo na prestigiada escola
de ciência política da London School of Economics. A vida universitária de
nosso herói decerto não seria das mais fáceis. A grade curricular não desperta
maior interesse em Alex; em termos de convívio social, a fama pregressa e a
postura altiva certamente não lhe granjeiam grande simpatia entre seus pares.
Paulatinamente, contudo, Alex começa por vias transversas a descobrir o 'lado
negro da força' de seu campo de estudos: aqui e ali, obras de autores como Carl
Schmitt, Georges Sorel, Giovanni Gentile, Ernst Jünger, Francis Parker Yockey,
Arthur Moeller van den Bruck, Julius Evola etc. começam a cair em suas mãos,
além de textos de líderes políticos como Mussolini, Codreanu, Degrelle, Primo
de Rivera, Hitler, Goebbels, Ramiro Ledesma Ramos etc. Outrossim descobre, para
seu imenso deleite e fascínio, a figura de sir Oswald Mosley, que logo passa a
encarar como modelo de conduta e 'patrono' político. 'Last but DEFINITELY not
least', coroando esse processo de metanoia, o momento sublime e determinante para o eterno melômano que Alex sempre
foi e sempre será: a descoberta do universo de Richard Wagner, com todas as
óbvias e importantíssimas consequências que isso poderia ter para alguém como
ele. É sem sombra dúvida como a explosão d'uma supernova no imo do espaço
sideral: ora a revolta amorfa e caótica que nele sempre fervilhara tem nome,
lógica, propósito.
*
Inglaterra, 1995.
Bom, sem mais delongas: Alex conclui seus estudos,
obtendo o grau de mestre e por fim o de PHD. Como obviamente jamais se
adaptaria ao meio acadêmico (e o novo governo estava determinado a extinguir
sua pensão), passa a dar aulas particulares. Sempre carismático, sobremaneira
envolvente e sedutor, ao longo d'alguns poucos anos arregimenta não um simples
punhado de alunos, mas sim uma verdadeira legião de fervorosos discípulos.
*
Inglaterra, ano 2002 em diante.
E assim o processo evolui de forma orgânica, como se correspondesse ao
fluxo natural das coisas, a uma dinâmica praticamente inevitável: Alex converte-se
em líder d'uma nova organização política, uma espécie de BUF (British Union of
Fascists) da era do
nacional-bolchevismo (pensei na designação WE LIVE! para o novo movimento). Em pouco tempo o movimento ganha surpreendentes força e
notoriedade, alarmando o establishment político britânico e europeu. Surge
então a figura do antagonista: Anthony Greenwall, líder do Labour Party.
Intelectual progressista de esquerda (multiculturalista, globalista, europeísta,
feminista, gayzista, pró-imigrantes, etc. etc. etc.) Greenwall tem também uma
motivação pessoal para se opor ao novo líder: é sobrinho do escritor F. Alexander, uma das mais
notórias vítimas de Alex e seus droogs nos áureos tempos da ultraviolência. A
trama, enfim, se desenvolve como o titânico confronto ideológico, espiritual e
psíquico entre Alex e Anthony, cujos desdobramentos obviamente exercerão
decisiva influência sobre os destinos da Grã- Bretanha (e, ao fim e ao cabo, do
planeta).
Ten. Giovanni Drogo
Forte Bastiani
Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros