Alphonse van Worden - 1750 AD
Envoltos nas somniais emanações das sulfurosas madrugadas levantinas, nossas brumosas efusões de quimeras e solilóquios se espargem numa rutilante policromia de caleidoscópios oníricos, e as veredas labirínticas da Sierra Morena se dissolvem nos miasmáticos contrafortes do Bastiani, os delíquios sinuosos de Emina e Zibedea evocam a melancolia evanescente de Maria Vescovi, e as espectrais hordas tartáricas precipitam-se em sua cavalgada cinérea sob a égide de Zoto, o Enforcado...
A meu lado, em austero silêncio, o crepuscular Ten. Drogo entrega-se, creio, a meditações do mesmo jaez; cientes, ambos, de que, célere, de nossa jornada o termo final se aproxima, e de que, no da Eternidade abismal oceano, imersos logo estaremos...
Todavia, a etérea planície de circunlóquios hipnóticos em que vagamos é, por vezes, entrecortada por civilizados interlúdios filosóficos; no último deles, há alguns dias, demoramo-nos num douto e aprazível colóquio, onde indagávamos qual seria o mais resplendente poema já lavrado por um Filho de Adão. Meu veredicto recaiu sobre as epifanias flamejantes de Coleridge em seu Kubla Khan; o de meu bravo e solene irmão d'armas, sobre a elegância matemática dos requintados arabescos verbais de Paul Valéry no Cimetière Marin. Horas e horas de sutil esgrima conceitual não foram suficientes para superar o impasse; decidimos então remeter o insigne dilema aos ínclitos sumo-sacerdotes da SABEDORIA PERENE. No entanto, a questão permaneceu em aberto: Lindhorst, Klingsohr e Brankovitch optaram pelo poema de Coleridge; Spikher, Murr e Kreisler, pelo de Valéry. O voto de Minerva, que caberia a Sevast, não pode ser dado, pois o soturno íncubo sérvio não foi encontrado em nenhuma dimensão conhecida...
Só uma alternativa nos restava, e a ela, contritos, recorremos: a coruscante sabedoria e a infinita beatitude do excelsos Senescais do FOGO INEFÁVEL, CHRISTUS PANTOCRATOR e علي بن أبي طالب.
Envoltos nas somniais emanações das sulfurosas madrugadas levantinas, nossas brumosas efusões de quimeras e solilóquios se espargem numa rutilante policromia de caleidoscópios oníricos, e as veredas labirínticas da Sierra Morena se dissolvem nos miasmáticos contrafortes do Bastiani, os delíquios sinuosos de Emina e Zibedea evocam a melancolia evanescente de Maria Vescovi, e as espectrais hordas tartáricas precipitam-se em sua cavalgada cinérea sob a égide de Zoto, o Enforcado...
A meu lado, em austero silêncio, o crepuscular Ten. Drogo entrega-se, creio, a meditações do mesmo jaez; cientes, ambos, de que, célere, de nossa jornada o termo final se aproxima, e de que, no da Eternidade abismal oceano, imersos logo estaremos...
Todavia, a etérea planície de circunlóquios hipnóticos em que vagamos é, por vezes, entrecortada por civilizados interlúdios filosóficos; no último deles, há alguns dias, demoramo-nos num douto e aprazível colóquio, onde indagávamos qual seria o mais resplendente poema já lavrado por um Filho de Adão. Meu veredicto recaiu sobre as epifanias flamejantes de Coleridge em seu Kubla Khan; o de meu bravo e solene irmão d'armas, sobre a elegância matemática dos requintados arabescos verbais de Paul Valéry no Cimetière Marin. Horas e horas de sutil esgrima conceitual não foram suficientes para superar o impasse; decidimos então remeter o insigne dilema aos ínclitos sumo-sacerdotes da SABEDORIA PERENE. No entanto, a questão permaneceu em aberto: Lindhorst, Klingsohr e Brankovitch optaram pelo poema de Coleridge; Spikher, Murr e Kreisler, pelo de Valéry. O voto de Minerva, que caberia a Sevast, não pode ser dado, pois o soturno íncubo sérvio não foi encontrado em nenhuma dimensão conhecida...
Só uma alternativa nos restava, e a ela, contritos, recorremos: a coruscante sabedoria e a infinita beatitude do excelsos Senescais do FOGO INEFÁVEL, CHRISTUS PANTOCRATOR e علي بن أبي طالب.
A despeito da excruciante azáfama provocada pelos misteres da Guerra Transfinita, os egrégios Senhores do Concento Universal obsequiaram a seus míseros servos o dulcíssimo aljôfar do Entendimento Divino, e emitiram um impertérrito juízo: pertence ao celestial estro poético de Coleridge o mais sublime fruto jamais engendrado pela Lira humana!
Para imenso gáudio de nossos confrades oníricos e paradoxais, imaginários e espectrais, aqui transcrevemos, pois, os vórtices iridescentes de Samuel Taylor Coleridge!
Kubla Khan (1797)
In Xanadu did Kubla Khan
A stately pleasure-dome decree:
Where Alph, the sacred river, ran
Through caverns measureless to man
Down to a sunless sea.
So twice five miles of fertile ground
With walls and towers were girdled round;
And there were gardens bright with sinuous rills,
Where blossomed many an incense-bearing tree ;
And here were forests ancient as the hills,
Enfolding sunny spots of greenery.
But oh! That deep romantic chasm which slanted
Down the green hill athwart a cedarn cover!
A savage place! as holy and enchanted
As e'er beneath a waning moon was haunted
By woman wailing for her demon-lover!
And from this chasm, with ceaseless turmoil seething,
As if this earth in fast thick pants were breathing,
A mighty fountain momently was forced;
Amid whose swift half-intermitted burst
Huge fragments vaulted like rebounding hail,
Or chaffy grain beneath the thresher's flail;
And 'mid these dancing rocks at once and ever
It flung up momently the sacred river.
Five miles meandering with a mazy motion
Through wood and dale the sacred river ran,
Then reached the caverns measureless to man,
And sank in tumult to a lifeless ocean;
And 'mid this tumult Kubla heard from far
Ancestral voices prophesying war!
The shadow of the dome of pleasure
Floated midway on the waves;
Where was heard the mingled measure
From the fountain and the caves.
It was a miracle of rare device,
A sunny pleasure-dome with caves of ice!
A damsel with a dulcimer
In a vision once I saw:
It was an Abyssinian maid,
And on her dulcimer she played,
Singing of Mount Abora.
Could I revive within me
Her symphony and song,
To such a deep delight 'twould win me,
That with music loud and long,
I would build that dome in air,
That sunny dome! those caves of ice!
And all who heard should see them there,
And all should cry, Beware! Beware!
His flashing eyes, his floating hair!
Weave a circle round him thrice,
And close your eyes with holy dread,
For he on honey-dew hath fed,
And drunk the milk of Paradise.