Como bem sabeis, egrégios irmãos d'armas, a partir das primeiras décadas do século XX, numerosos autores e líderes políticos, provenientes de diversos países e contextos culturais (Corneliu Codreanu, Ernst Jünger, Julius Evola, Otto Strasser, Nikolai Ustrialov, Ernst Niekisch, Carl Schmitt, Giovanni Gentile, etc.) começaram a lançar os alicerces filosóficos, espirituais e políticos do que aqui denominaremos de GRANDE SÍNTESE, vale dizer, a ampla convergência entre as principais correntes de pensamento anticapitalistas, antiliberais e antiburguesas, por um lado; e, por outro, as principais tradições esotéricas (mormente as de cunho não-dualista) da revolta gnóstica contra o 'racionalismo político' (iluminismo, liberalismo, 'Sociedade Aberta', marxismo ortodoxo, etc.) ao longo da História.
Devemos também salientar, não obstante, que tal acervo de idéias reverberou, e com grande intensidade, na criação artística do período; e, a esse respeito, não há figura mais emblemática que o poeta, ensaísta e tradutor norte-americano Ezra Loomis Pound (1885 - 1972).
Vero 'Dante Alighieri da Era Industrial', Pound entreteceu, ao longo de sua trajetória - mormente em seus The Cantos (1915 - 1972), painel polifônico onde os titânicos labirintos da História, da Arte e da Literatura se interseccionam continuamente -, uma vastíssima, quase inextricável tapeçaria de alusões lingüísticas, históricas, políticas, geográficas, teológicas e filosóficas, bem como uma cosmovisão católica de índole decididamente antimoderna e Tradicional, condenando com veemência a lógica contábil do 'Reino da Quantidade', ou seja, o primado da Matéria sobre o Espírito, o que se reflete, sobretudo, em sua acerba crítica aos processos de acumulação de capital via especulação financeira.
Tal perspectiva aproximou Pound do regime fascista italiana, o qual defendeu com notável denodo e galhardia de 1924 até o desfecho da II Guerra Mundial.
Destarte, em homenagem ao venerável aedo, convido-vos à leitura de um dos cantos poundianos onde as idéias do autor (outrossim formuladas, obviamente de forma mais sistemática, n'alguns ensaios que escreveu sobre política e economia) emergem de maneira especialmente nítida e eloqüente.
Canto LXV
With usura hath no man a house of good stone
each block cut smooth and well fitting
that delight might cover their face,
with usura
hath no man a painted paradise on his church wall
harpes et luthes
or where virgin receiveth message
and halo projects from incision,
with usura
seeth no man Gonzaga his heirs and his concubines
no picture is made to endure nor to live with
but it is made to sell and sell quickly
with usura, sin against nature,
is thy bread ever more of stale rags
is thy bread dry as paper,
with no mountain wheat, no strong flour
with usura the line grows thick
with usura is no clear demarcation
and no man can find site for his dwelling
Stone cutter is kept from his stone
weaver is kept from his loom
WITH USURA
wool comes not to market
sheep bringeth no gain with usura
Usura is a murrain, usura
blunteth the needle in the the maid's hand
and stoppeth the spinner's cunning. Pietro Lombardo
came not by usura
Duccio came not by usura
nor Pier della Francesca; Zuan Bellin' not by usura
nor was "La Callunia" painted.
Came not by usura Angelico; came not Ambrogio Praedis,
No church of cut stone signed: Adamo me fecit.
Not by usura St. Trophime
Not by usura St. Hilaire,
Usura rusteth the chisel
It rusteth the craft and the craftsman
It gnaweth the thread in the loom
None learneth to weave gold in her pattern;
Azure hath a canker by usura; cramoisi is unbroidered
Emerald findeth no Memling
Usura slayeth the child in the womb
It stayeth the young man's courting
It hath brought palsey to bed, lyeth
between the young bride and her bridegroom
CONTRA NATURAM
They have brought whores for Eleusis
Corpses are set to banquet
at behest of usura.
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Ten. Giovanni Drogo
Forte Bastiani
Fronteira Norte - Deserto dos Tártaros
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